Os Sofrimentos do Jovem Werther
(Goethe)
Os Sofrimentos do Jovem Werther
Os Sofrimentos do Jovem Werther é um romance epistolar, escrito em forma de cartas do personagem-narrador ao seu amigo Guilherme. Assim as narrativas ocorrem em primeira pessoa, o que se por um lado prende o autor a uma perspectiva única, por outro lado, permite-lhe apresentar verdades que se vislumbram a partir das opiniões e visões de mundo desse personagem.
Werther é um personagem preso a um amor impossível: ele se apaixona por Carlota, que mesmo noiva de Alberto, aceita sua excessiva aproximação. Por um tempo ele ameaça resignar-se, período em que trabalha em um ministério e distancia-se dos dois, porém demite-se e torna a residir perto do casal. A partir daí, passa a considerar o amor de Alberto por Carlota um sentimento menor, não verdadeiro, não com a intensidade que deveria ter, o que provoca um desentendimento entre Wether e Alberto. Desconsertado com os seus sentimentos Werther decide preservar o casamento de sua amada tirando a própria vida.
A escolha pela forma narrativa se torna, mais do que uma atração pelo texto em si, um fator que aproxima quem lê do aflitivo drama existencial do protagonista, pois o jovem Werther derrama suas emoções com a liberdade de quem faz relatos a um grande amigo, sem rodeios ou subterfúgios, tornando-se íntimo dos leitores.
Werher demonstra seu repúdio aos ideais burgueses e seu formalismo excessivo, recheado de preconceitos e com a busca contínua e sem limites pelo poder; ele tem consciência das diferenças sociais e repudia a prepotência dos aristocratas, como no trecho: “... sustento que aquele que acredita ser necessário permanecer longe do chamado populacho para manter a dignidade, é tão censurável quanto um covarde, ...”.
O romance acontece mantendo de modo contínuo o diálogo entre o amor não realizável e sua renúncia. O personagem não passa da condição de apaixonado para a de amante, pois isso ofenderia a decência, existindo apenas a idealização de seu amor.
Esta agonia, esta (con)vivência do impossível, esta barreira instransponível - pela lealdade e correção dos atos de Werther - não poderiam levar a um final diferente. O sofrimento do jovem protagonista aflige sua alma, de forma clara e contínua, e a intensidade de seus sentimentos é multiplicada ao extremo, tornando insuportável a existência.
Outras considerações:
Ocorrem vários momentos de intertextualidade do romance com textos bíblicos como no trecho em que menciona: “A morada solitária de uma cela, a vestimenta de cilício e o cinturão de pregos seriam os bálsamos aos quais minha alma aspira. “
O texto também tem caracteres das tragédias gregas, pois contém uma unidade nas ações, um reduzido número de personagens e apresenta o desenlace com um fenômeno trágico, pois Werther se encontra em uma situação-limite, que habita regiões impossíveis de serem codificadas e está enredado em um conflito insolúvel - sofre conscientemente- e não vislumbra saída do conflito, vendo sua existência abandonada à destruição.
O jovem Werther é uma personagem plana sendo que suas ações em nenhum momento representam algo inesperado ou contrário aos seus ideais.
As falas dos personagens ocorrem tanto com a utilização do discurso direto, veja-se a reprodução do diálogo entre Alberto e Wertner em que este defende o suicídio como uma doença da alma, mas também com a utilização do discurso indireto. Notem-se dois trechos deste mesmo diálogo: “Para Alberto isso parecia demasiado genérico. Lembrei-lhe o caso...” e mais adiante: ”Alberto que ainda não achava convincente a comparação, fez-me objeções...“.
Até mesmo uma quase existência de um discurso indireto livre pode ser percebida, note-se a carta de 30 de Agosto, onde parece insurgir-se um narrador no discurso do personagem: “Desgraçado! Não serás um louco? O que é que esperas dessa paixão frenética e infinita?”; para em seguida retomar o tom da narrativa.
O tempo em que ocorre a narrativa é marcado pelas datas das cartas e é contemporâneo ao tempo de seu escritor.
O espaço físico é a bucólica vila de Wahlhein, um campo com vista para uma grande extensão de um manto verde, árvores centenárias e a simplicidade da vida camponesa: o sol, o entardecer, o luar.
Finalizando
Werther fala em determinado trecho sobre os limites que um homem pode suportar de mágoa e de dor, de sofrimentos morais ou físicos e que, ultrapassados estes limites, o suicídio não deve ser encarado como uma covardia ou desgraça, pois já é a fase terminal de um mal, como dito, insuportável.
E depois:
“... como as idéias se fixam nele, até que enfim a paixão sempre crescente o priva de toda a força de vontade e o lança ao solo. Em vão o homem ajuizado e razoável contemplará o estado do infeliz, em vão lhe dará conselhos! Da mesma forma que um homem saudável, parado junto ao leito do enfermo, jamais poderá transmitir-lhe a parte mais insignificante de sua energia.”
Insuportável e incurável, que outro final este romance poderia ter?
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