BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


A Arte Enquanto Forma de Humanização
(Márcia Elizabeti Mchado de Lima)

Publicidade
  A Arte Enquanto Forma de Humanização
 
    Discutir a função da arte sempre foi uma questão polêmica, tem-se a impressão de que o termo função vem ferir o princípio de autonomia e própria essência da arte. No entanto, o que pretendemos defender, aqui, como função, acreditamos quem ultrapasse o sentido pragmático e enobreça o nosso objeto de estudo: a palavra, não em estado de dicionário, mas artisticamente trabalhada, “tirada do limbo”, que se articula sobre contextos sócio-históricos, reinventando-os através do imaginário, da poesia, da fantasia, que dão às obras literárias a parcela de ficção de que necessita o ser humano, na
busca constante do equilíbrio.   
    Reflitamos a respeito do homem, segundo o raciocínio de Leonardo Boff, como projeto infinito, único ser que não se basta, está sempre à procura do que possa completá-lo na sua infinitude, como se isso fosse possível no plano terrestre. Se, em nenhuma época, o homem sentiu-se pleno, hoje, vivendo tempos tão contraditórios, em que civilização e barbárie convivem paradoxalmente, o homem não é apenas incompleto, mas tende a ser cada vez mais desequilibrado, num contexto em que o crescente avanço científico-tecnológico, representa, em muitos aspectos,   um crescente empobrecimento humano, enredando-se na malha por ele próprio tecida. Conforme Fromm, em A Análise do Homem, “...enquanto aumenta o poder do homem sobre a matéria, sente-se menos potente na sua vida individual e em sociedade, com um  vago sentimento de futilidade a respeito da atividade que desenvolve...”. 
    Nesse contexto, diríamos que a arte representa o que diz Fischer “... o meio indispensável para a união do indivíduo com o todo, reflete a infinita capacidade humana para a circulação de experiências e idéias...” E eu completo dizendo que isso é uma forma de religar-se, de sair de si e ir ao encontro do outro, numa corrente de mão dupla, do criador em relação ao receptor e vice-versa, ambos se humanizam, saindo do individual para o coletivo, afastando-se provisoriamente do pragmatismo, como uma das formas possíveis de transcendência. Lembrando a metáfora da águia e da galinha, seria segundo Boff, “... deixar o ciscar cotidiano e miúdo da galinha para subir como uma flecha aos espaços insondáveis da águia...” Usando mais uma metáfora, indo à procura de ilhas desconhecidas. 
    Só é possível que a literatura realize o que defendemos até aqui, graças às suas três faces defendidas por Antonio Candido, que diz ser a mesma: “(1) uma construção de objetos com estrutura e significado; (2) ela é uma forma de expressão, isto é, manifesta emoções e a visão de mundo dos indivíduos e dos grupos, (3) ela é uma forma de conhecimento, inclusive como incorporação difusa e inconsciente.”
Devido ao arranjo harmônico destas três faces é que a literatura atua em nossas vidas como humanizadora, embora segundo Candido, a tendência seja pensar que a terceira delas, a de transmissora de conhecimento, seja a principal. É na primeira, enquanto objeto construído pela liberdade ficcional, que reside o lado mágico da literatura, que fascina e alimenta a fome e a sede que temos de entrar em contato com o “universo fabulado”, de suspendermo-nos do real e entrarmos no imaginário, já que no ser humano, segundo Morin,”O desenvolvimento do conhecimento racional-empírico-técnico  jamais anulou os conhecimentos simbólico, mítico, mágico ou poético.    
 



Resumos Relacionados


- Ensaio Sobre A Cegueira: Uma Metáfora A Favor Da Humanização (partei)

- A Águia E A Galinha

- A Águia E A Galinha

- O Despertar Da águia: O Dia-bólico E O Sim-bólico Na Construção Da Realidade

- A Necessidade Da Arte



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia