Hospital: Dor E Morte Como Ofício
(Ana Pitta)
Com o desenvolvimento tecnológico e científico da medicina veio o receio de se falar sobre morte e doença, sendo visto como algo que deve ser escondido de forma a poupar o paciente, que será tratado no hospital longe do convívio social. A morte é vista como algo misterioso. As doenças graves, com a tecnologia da medicina, são possíveis de serem curadas, o que acaba dificultando o reconhecimento de quais são as doenças mortais, negando, dessa maneira, a morte ao doente. São cúmplices neste processo, os familiares que não aceitam a morte e a equipe médica que acredita que poderá salvar o paciente. Antigamente o homem medieval via a doença e a morte como algo natural e dessa forma estavam presentes no cotidiano de todos, sendo tratadas na própria casa do paciente. O doente não precisava esconder sua angústia assim como os familiares podiam se despedir e se preparar para a morte. Verifica-se que a equipe técnica tem dificuldades para lidar e comunicar ao paciente suas doenças e morte e tentam de forma inconsciente ou não, escondê-las. Existe uma trajetória defensiva utilizada por esses profissionais, que faz com que mesmo que saibam da morte certa do paciente a transformam em algo incerto. Fica clara a dificuldade em lidar com a morte fazendo com que isso comprometa não só o doente como a família , enfermeiros e médicos. Há duas formas inadequadas de tratar a morte: uma seria a troca emocional da equipe médica com os familiares, e a segunda seria a não permissão da comunicação desta emoção. Estar doente, na sociedade atual, é o mesmo que não produzir, sendo isso considerado como vergonhoso e por isso o doente deve ser escondido, fazendo com que não interfira também na produção dos familiares e amigos. Desta forma, os doentes sofrem precisando esconder esse sentimento. Os que trabalham com eles acabam tendo que recalcar este sofrimento não conseguindo sublimá-los.
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