Rambo – programado para matar
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O filme “Rambo – programado para matar” (First blood, 1982; direção de Ted Kotcheff) mostra um veterano (Sylvester Stallone) da Guerra do Vietnã sendo preso injustamente por um xerife (Brian Dennehy). A partir de tal injustiça, consegue fugir e põe em ação uma guerra particular, não apenas contra a força policial local, mas contra toda uma cidade ou todo um sistema estatal. Com isso, gera pânico e destruição, com toques de heroísmo ilimitado.Essa sinopse pode fixar a idéia de que se trata de um drama com toques de aventura, ou um filme de aventura com toques dramáticos, quando um ex-combatente da Guerra no Vietnã retorna à vida em sociedade nos Estados Unidos. Mas também pode-se tomar o filme como objeto principal de uma análise que o aborde como emblema do ethos militarizante e remasculinizante dos anos 80 nos Estados Unidos. Do mesmo modo, a sequência de filmes Rambo que veio a seguir. Esses filmes de aventura e ação imprimiram a mensagem redundante de que o “Presidente Hollywood” (Reagan) e uma imensa parte dos americanos daquele tempo puderam assimilar uma visão maniqueísta de mundo e de vida social por meio dessas produções fílmicas de Hollywood: o inimigo é fundamentalmente mau, horrível e predisposto à violência, ao passo que a nação americana se apresenta como o infinitamente “bom”. Porém, essa aura de bondade é forçada a partir para a violência para precisamente eliminar o Outro que lhe ameaça. Basta relembrar a invasão de Granada, a ajuda financeira na guerra na Nicarágua, o bombardeio da Líbia e outros conflitos e invasões de menor alcance, na gestão de Ronald Reagan, e a Guerra do Golfo e a contínua agressão, na era de George Bush (pai), para se ter a medida de como a indústria cinematográfica trabalhou como propaganda ideológica para apresentar justificativas e naturalizações para o impulso bélico e autoritarismo dos Estados Unidos.
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