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Teatro Experimental do Negro: trajetória e reflexões
(Abdias do Nascimento)

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Estranho

    Causa-me estranheza o fato do Abdias ter se espantado com a falta de atores negros na representação teatral a que assistiu em Lima, no Peru; e sua posterior reflexão sobre a ausência de atores negros em papeis importantes em nosso Brasil.
    A questão caricatural, ou do estereótipo se preferirem, é, conforme teóricos da literatura, uma imposição específica dos papéis secundários; que serão mais ou menos verossímeis conforme representem, ou não, a realidade social em que estão inseridos.
    Para que o negro deixe o papel secundário ( coisificador ) na literatura e, por extensão, no teatro é necessário que o mesmo assuma a condição de ator social não coadjuvante na sociedade brasileira. Essa é uma anormalidade objetiva e sua não percepção só pode ocorrer por cegueira ou deformação da realidade.
    A mim causou causou estranheza que o TEN visasse a promover a transformação qualitativa da interação social entre brancos e negros. Não deveria então ser o TEN & B?
    Os processos de alfabetização, de desenvolvimento cultural e de iniciação teatral, àquela época, poderiam, não fosse a divisão proposta por seus idealizadores, incluir o branco. Por que não?
    Há similaridade nos processos de marginalização do negro: liberdade e abandono; refletidos na peça de O’Neill e a realidade histórico-social brasileira.
    Abdias chega a citar Grande Otelo ( comediante ou palhaço ? ) como ator fabuloso, observe-se porém que, salvo algumas exceções ( no cinema pelo menos ) seus personagens são caricatos e secundários.
    A classificação de poesia bárbara imputada por Tasso da Silveira ao espetáculo denominado Aruanda, pareceu-me, estranhamente pejorativa.
    É estranha também a posição da censura mencionada, pois o artista no palco é o que representa: um elefante, um avião ou um negro – esta abstração é parte integrante da comunicação ali expressa. De outra forma, como poderia o espetáculo instigar atos de uma minoria ( negra e favelada ) que, imagino, estando nos morros não teria acesso ao teatro?
    Finalizo, estranhamente, sem fazer menção a outros pontos do texto base, mas chamando à cena séries e filmes ( comerciais ) da comunidade negra americana em que as situações cotidianas propostas, substituindo-se os atores negros por atores brancos, não sofreriam alteração significativa. Não se percebe ali, tentativas de priorizar a valoração da personalidade e cultura específicas do negro.
    No Brasil, creio eu, a exclusão se dá muito mais pelo caráter social do que pela questão racial. Assim, será o negro, tanto mais e melhor representado na cena ( e na platéia ) teatral, quanto mais for a sua representatividade como ator social da realidade brasileira.



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