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Cidades podem moldar as transições sócio-técnicas e como avaliá-lo?
(Mike Hodson & Simon Marvin)

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O impulso para a competitividade e para a competição baseada no território (place-based competition) dá-se em simultâneo com os inúmeros constrangimentos em termos de energia, água, resíduos e recursos alimentares, não alheios ao facto de, pela primeira vez na história da humanidade, a maioria da população mundial viver nas cidades. O encorajamento do crescimento económico, num contexto de limitação de recursos e mudanças climáticas, vai ainda colidir com sistemas infra-estruturais e um legado organizacional concebido para propósitos completamente desfasados no tempo.
Uma nova dimensão da competitividade das cidades tem a ver com a sua capacidade de internalizar, delimitar e controlar as necessidades/ exigências de recursos enquanto procuram garantir a segurança dos sistemas de aprovisionamento colectivo.
As grandes limitações as cidades começam a alterar as suas estratégias, para novos moldes que garantam recursos e redesenhem a cidade e as suas relações quer com os recursos quer com outros espaços. A reconfiguração tem cinco meios de resposta:
-Preocupação particular e critica para perceber o impacto das alterações climáticas e restrições de recursos à escala das grandes cidades;
-Prioridade nacional para as grandes cidades nas medidas que protejam as cidades das alterações climáticas;
-Preocupação e ansiedade constante para perceber como as aglomerações de infra-estruturas globais, criticas nas grandes cidades, em termos da logística e da aviação podem ser tratados nos termos das alterações climáticas;
-As cidades tornaram-se criticamente preocupadas com a segurança dos seus próprios recursos dentro do seu contexto nacional;
-As grandes cidades colocaram-se, a par com os estados nacionais, em redes colaborativas centradas em contextos de desenvolvimento de respostas inovadoras (transições urbanas) de modo a que estas possam colectivamente ser transmitidas para outras cidades do sistema urbano (Hodson & Marvin, 2009).
A constituição de novas redes sociais de interesse em torno das grandes cidades mundiais, com o objectivo primordial de gerar um “urbanismo auto-confiante”, deu origem, por exemplo, ao desenvolvimento de ferramentas de avaliação comuns.
Enquanto dão ênfase à protecção do território, delimitando e congregando recursos, procuram em paralelo garantir a mobilidade intra-cidade e inter-world city através de novas tecnologias que incluem o pricing, informatização das redes de transportes, biocombustíveis, etc.
Os processos de “sistemas de inovação” e de transições sócio-técnicas estão interligados por um quadro tridimensional composto por paisagem/ cenário (macro), regime (meso) e nicho (micro).
O conceito de paisagem (landscape), operando num macro-nível, serve para identificar mais amplamente as condições, ambiente e pressões para as transições. São consideradas as pressões externas que podem condicionar (mas nunca determinar) a constituição de regimes e nichos.
Os regimes são vistos como entidades sócio-técnicas em que as tecnologias e as funções tecnológicas interagem com as funções e interesses sociais e onde o desenvolvimento tecnológico é potenciado e moldado por um conjunto, não apenas de técnicos e engenheiros, mas também por governantes, interesses de negócio, ONG’s, consumidores, etc. O cruzamento destes interesses, a par com a legislação (normas), medidas prioritárias, padrões de consumo, decisões de investimento, entre outros, unem-se para equilibrar os regimes sócio-técnicos e as suas trajectórias (Geels & Schot, 2007).
A ideia de nichos sócio-técnicos, operando a um nível micro, é um dos espaços “protegidos”, normalmente, englobando pequenas redes de actores que iniciam contacto (aprendizagem) com novas tecnologias e as seus usos, procurando sempre incorporar as tecnologias mais recentes (Geels, 2002; Hoogma et al, 2002).
Enfatiza-se a importância dos processos de governança e a coordenação da capacidade de adaptação abre a possibilidade de compreensão de uma variedade de vias de transição. Neste domínio, e contemplando as mudanças de regime, Smith et al (2005) definem quatro “ideiais-tipo” para os contextos de transição:
1)    Renovação endógena,
2)    Reorientação de trajectórias,
3)    Transformações emergentes,
4)    Transições intencionais.  
A perspectiva multi-nível (MLP) das transições dá importância das inter-relações no ambiente das paisagens maiores, da estabilidade e inter-relação dos regimes e das possibilidades inovadoras dos nichos. São assumidas as múltiplas escalas da acção da governança, os diversos graus das relações de poder que operam no interior das mesmas e ainda da variabilidade e organização da sua constituição nas diferentes cidades.
Os interesses sociais no território urbano podem estar fora dos regimes sócio-técnicos, mas para se alcançarem as prioridades territoriais devem possuir graus de influência e controlo sobre os regimes. As razões que fazem variar as constituição de prioridades de governança e os regimes sócio-técnicos são: 1) as diferentes histórias da organização sócio-técnica dos regimes e a sua relação com as cidades; e 2) os estados de regulação e as relações multi-nível de governança, ambas “internas” e “externas” às cidades.
Os intermediários são necessários para constituir um espaço exterior à encruzilhada entre regimes de governação urbana e os regimes sócio-técnicos (Hodson, 2008). Primeiro, os intermediários devem estar entre a produção e o consumo. Segundo, devem mediar as diferentes prioridades e níveis dos diferentes investidores, stakeholders, interesses políticos e sociais, legisladores.
As diferentes organizações intermediárias (IPSS’s, ONG’s, etc), enquanto agentes de mudança, devem desempenhar diferentes papéis, tais como: consultoria sobre aprovisionamento de energia, auditorias, criação de projectos, gestão e coordenação, demonstrações, aquisições públicas de tecnologia, promoções, campanhas, educação/ formação, constituição de redes, etc.
O papel das organizações intermediárias e das suas intervenções nas transições sócio-técnicas urbanas deverá ser permanentemente adaptado e reorganizado consoante o contexto e a sua acção entre dois eixos fundamentais: a) processos “totalmente bem sucedidos” em que há a total coordenação até ao ponto final (end point) da transição; e b) processos “totalmente mal sucedidos”, que falham logo na constituição dos grupos que devem realizar os objectivos.



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