Resumo de A NBR ISO/IEC 17025 e sua importância para a produção animal.

Nos últimos anos o uso de quimioterápicos em animais de produção vem preocupando a população brasileira e mundial. Duas crises ocorridas na Europa (e uma terceira em andamento) aumentaram a preocupação dos consumidores de todo o mundo, em especial dos europeus, em relação à necessidade de segurança e qualidade dos alimentos de origem animal. A primeira destas crises foi a doença da “vaca louca” (BSE); a segunda ocorreu na Bélgica, em 2000, ligada à qualidade da carne de aves contaminada por uma dioxina, produto cancerígeno; a terceira crise, e bastante complexa, é a constatação do aumento de prevalência/incidência de microrganismos resistentes aos antimicrobianos, e a possível relação deste fato com o uso de antibióticos em medicina veterinária e, muito especialmente, como aditivos alimentares melhoradores de performance. Embora nada tenha sido cientificamente produzido nesta área que comprovasse esta associação, medidas preventivas severas foram impostas ao uso destes insumos na Europa e em outros países do mundo, dentre os quais o Brasil. Somadas às exigências dos consumidores quanto à qualidade dos alimentos de origem animal e quanto à forma com que estes são produzidos, têm causado profundo impacto na produção animal em todo o mundo e, a ênfase anteriormente dada ao aumento da produtividade, vem perdendo espaço para necessidades agora emergentes e ligadas à qualidade dos alimentos produzidos. Estas mudanças de atitude do consumidor, têm praticamente exigido que as autoridades governamentais, ligadas a cadeia de produção de alimentos de origem animal e à saúde humana, em cada país, se posicionassem a respeito destas questões. Este posicionamento tem se consolidado na forma de alterações ou substituições em legislações ligadas ao uso de medicamentos veterinários e outros insumos. Quanto ao emprego de medicamentos veterinários em animais de produção, pode, acarretar a presença de resíduos em produtos derivados de animais tratados, podendo este fato representar risco à saúde humana. O risco que acompanha a ingestão de resíduos provenientes de animais tratados não é aleatório, mas cientificamente determinados. Existe metodologia científica que permite verificar, qual o risco associado à ingestão de medicamentos veterinários em alimentos. Assim os níveis, aceitáveis ou não, de resíduos de medicamentos e outros insumos encontrados em alimentos de origem animal são fixados pelo Codex Alimentarius da FAO/OMS como Limites Máximos de Resíduos (LMR). No Brasil, deu início ao PAMVet (O Programa de Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos de Origem Animal) em 2002, tendo como primeira matriz de análise o leite bovino. Porém, sabe-se que a origem do problema está no campo, devido a não observação das Boas Práticas Veterinárias. Logo, o enfrentamento do problema deve ser abrangente e solidário, com todos os agentes (indústria farmacêutica, comerciantes, distribuidores, médicos veterinários, produtores rurais, indústrias processadoras de leite e produtos lácteos) assumindo as suas responsabilidades e adotando medidas efetivas para assegurar o direito do consumidor a alimentos seguros. Neste sentido, a ANVISA criou em 2001 a REBLAS, visando implementar, incentivar e reconhecer a competência técnica de laboratórios, segundo normas internacionais e nacionais específicas da qualidade e de biossegurança e, ainda, propiciar maior confiabilidade aos resultados emitidos, com impacto positivo sobre a saúde da população. Neste contexto, Laboratórios que fazem parte de organizações maiores (de produção animal e agronegócio) e que operam em conformidade com os requisitos da ISO/lEC 17025, poderão comprovar que os produtos da organização foram ensaiados e são tecnicamente capazes de atenderem às especificações de desempenho, segurança e confiabilidade. Além disto, o crescimento das atividades de certificação (de produtos de origem animal) representa um novo mercado a ser explorado pelos laboratórios de ensaio e/ou calibração.

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