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Nosso racismo é um crime perfeito
(Camila Souza Ramos; Glauco Faria)

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Kabengele Munanga nasceu na República Democrática do Congo, antigo Zaire. Graduou-se como o primeiro antropólogo de seu país. Fez doutorado no Brasil, para onde veio em 1980 para assumir a cadeira de Antropologia na Universidade do Rio Grande do Norte. Depois foi definitivamente para São Paulo, onde é professor na Universidade de São Paulo - USP. É esse importante cidadão do mundo que a Revista Forum – outro mundo em debate (Edição 77, agosto de 2009) entrevista. Com o título “Nosso racismo é um crime perfeito”, por Camila Souza Ramos e Glauco Faria, essa entrevista merece ser destacada, pelos temas de que trata e pela relevância para discussão étnico-racial no Brasil e no mundo.Kabengele inicia dizendo que o preconceito no Brasil não foi sentido por ele à primeira vista, apenas aos poucos, quando descobriu que era como os negros daqui. Mas foi no contexto acadêmico que começou a descobrir que havia problemas raciais sérios no país. Mais forte ainda porque ele tem uma família inter-racial: a mulher branca, o homem negro, um filho negro e um filho mestiço. Portanto, ele afirma que a diferença não é simplesmente social, pois há o que ele chama de a geografia do corpo, que se junta ao social. Para Kabengele, há um racismo no Brasil que é distinto daquele que foi praticado na África do Sul durante o regime do apartheid e também do racismo nos EUA, especialmente no Sul. O Racismo brasileiro é sutil e velado, o que não significa que faça menos vítimas do que aquele que é escancarado. Uma diferença básica é a de que não se consegue identificar claramente o opressor no caso brasileiro. Um ponto positivo na história recente do país, segundo Kabengele, é que a nova Constituição diz que o racismo é um crime inafiançável. Antes não havia lei protetora contra o racismo, exceto o caso da lei Afonso Arinos, de 1951, mas que não considerava a prática do racismo um crime, era apenas uma contravenção. A população negra e indígena viveu muito tempo sem leis nem para discriminar nem para proteger.Quanto ao mito da democracia racial, Kabengele o aponta como argumento utilizado por aquele que são contra as cotas, pois apelam para a própria Constituição, afirmando que perante a lei somos todos iguais. Outro argumento falacioso dos que são desfavoráveis às cotas é a noção de que é difícil distinguir os negros no Brasil por conta da mestiçagem, que é um fenômeno muito mais acentuado aqui do que em outros países. Esse argumento não tinha como resistir, pois, se existe a discriminação antinegro, essa discriminação é a prova de que é possível identificar os negros. Há de fato pessoas no Brasil que ainda acreditam que não há racismo no país. Assim, Kabengele defende a ideia de que o racismo é uma ideologia e, como tal, só pode ser reproduzida se as próprias vítimas aceitam, a introjetam e a naturalizam. Ou seja, há negros que introduziram isso, que alienaram sua humanidade, que acham que são mesmo inferiores e o branco tem todo o direito de ocupar os postos de comando. Nessa entrevista, Kabengele se aprofunda nessa questão do imaginário racista brasileiro, passando por Florestan Fernandes, o humorista Danilo Gentilli e outras fontes de discussão conservadora ou revolucionário sobre o tema da falsa democracia racial brasileira. Considero relevante apontar sua visão sobre a lei que determina a obrigatoriedade do ensino de cultura africana nas escolas. Sobre essa questão, ele afirma que há muitas pessoas no Brasil que consideram isso uma racialização da educação no Brasil. Mas ele argumenta que todos os países do mundo lidam com a questão da diversidade, do ensino da diversidade na escola, até os que não foram colonizadores, os nórdicos, com a vinda dos imigrantes, estão tratando da questão da diversidade na escola. Critica nosso modelo de educação eurocêntrico. Portanto, há que se introduzir a história do outro de uma maneira positiva.No final da entrevista, Kabengele aborda a questão dos negros em postos de comando e a visão da mídia sobre a questão racial. Algega que o silêncio da imprensa muitas vezes não é um silêncio neutro, é um silêncio que indica determinada orientação da questão racial. Uma conversa lúcida e esclarecedora que deve ser lida por todos os brasileiros. Acesse o conteúdo integral da entrevista no primeiro link abaixo.



Resumos Relacionados


- Veja Ed.1955 Ano 39 Nº 18

- A Mestiçagem Brasileira

- Jornal O Tempo

- Racismo Brasileiro Uma Pequena Introdução Crítica.

- Maior Crime Contra A Humanidade



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