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Dialética da Colonização
(Alfredo Bosi)

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A reflexão de Alfredo Bosi, neste livro publicado em 1992, e em quarta edição em 2006, sobre a formação do povo e das instituições brasileiras transmite uma forte sensação de indignação sobre o processo de colonização do nosso país visto pelo (falsamente consagrado) prisma da miscigenação de etnias e da consagração sócio-política e religiosa. Uma nação constituída de lutas e sangue, mas que no decorrer das épocas, fez-se acreditar em uma democracia que rechaçou toda a crueldade, a opressão, além das tentativas de negação a alguns segmentos da população nas decisões cabais a respeito dos rumos da Nação.
Bosi desmistifica muitos desses paradigmas em dez capítulos, um post-scriptum 1992 e um posfácio de 2001, ricos em detalhes sobre as artimanhas políticas, dos preconceitos e das visões etnocêntricas que forjaram a construção de uma pátria republicana, unitária e democrata-capitalista.
No capítulo Colônia, culto e cultura, Bosi mostra como a partir do verbo latino colo (eu ocupo, eu cultivo, eu domino) os portugueses no processo de colonização puderam (juntamente com a visão de superioridade racial) cometer  barbáries contra os nativos e instituir o regime escravocrata, tendo o negro como principal vítima. Colonização a ferro e fogo. Nos capítulos subsequentes, a aculturação dos índios pelos jesuítas, liderados por Anchieta, e sua tentativa de promover o universalismo cristão, o indianismo do escritor José de Alencar (que afeta coragem e subserviência do índio ao colonizador, nobreza e admiração do guerreiro indígena aos valores do europeu conquistador), as traições sofridas pelo jesuíta Vieira que procurou mostrar a ilicitude e o desrespeito às normas religiosas que a escravidão representava, as obras de poetas e escritores negros como Cruz e Sousa e Lima Barreto que denunciaram o regime de abandono, exploração e humilhação que o negro sofreu no período de disputa e discursos abolicionistas e posterior extinção da escravidão são profundamente perscrutadas com argúcia e senso de responsabilidade abrangente e fecundidade intelectual.
Porém os meandros da constituição da política nacional são pontos fundamentais para se compreender a escala brasileira da colonização para a democracia capitalista. Aliás, Alfredo Bosi elabora o discurso de como o capitalismo (dos novos liberais e da política do latifúndio) foi o principal motivo da proclamação da República e como os cafeeiros e outros produtores engabelaram os abolicionistas que desejavam a manutenção da Monarquia e a partilha de terras para os negros libertos. Uma vez o negro liberto (sem terra nem trabalho), iniciou-se a migração que trouxe ao Brasil milhares de europeus que constituiriam uma nova força de trabalho livre e assalariada. Sem deixar de analisar o Getulismo (ou o positivismo gaúcho que juntou os republicanos do estado sulista da geração de 1907 e os Tenentes que engendraram o movimento de 1930), a indústria cultural, a cultura popular, o modernismo versus o pós-modernismo, Alfredo Bosi apresenta um Brasil capaz de desfilar culturas de resistência ao sistema capitalista predatório de mentalidade burguesa alienante, que comprova que há “luz no fim do túnel”, que não permite a desintegração das diferentes culturas praticadas no Brasil. Bosi articula como o processo de industrialização e o poder político ordenado ora por conservadores ora por liberais, seja na Monarquia ou na República, tentaram celebrar a conquista dos dominadores como triunfo também dos vencidos.        



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