Indústria Cultural: o critério de conteúdo
(Teixeira Coelho)
Na lógica sobre os conteúdos culturais, diz-se que eles podem ser bons ou ruins de acordo com a mensagem que divulgam. Para avaliar esses conteúdos é preciso considerar também a ideologia de cada pessoa, que pode ver num produto algo contrário aos seus valores, ao seu modo de pensar e agir. A produção e divulgação dos conteúdos culturais está relacionada à questão do prazer. Alguns pensadores advertem que sendo ele o principal alvo para o qual a indústria projeta suas mensagens, acaba-se por colaborar com a formação de um público consumista alienado de ideologia burguesa. Fala-se até em “falso prazer” em detrimento de um “saber”. Diz-se que a manutenção do prazer é um aspecto da ideologia de direita. As direitas pregam que o trabalho dignifica e salva o cidadão, e o prazer o degrada. Essa premissa tem o objetivo de controlar a sociedade em busca de lucros. Essa ideologia defende que a diversão (uma pincelada de prazer) deve ser diminuída, e só tem serventia na medida em que reforça o indivíduo para voltar ao trabalho. Além disso, as “coisas sérias” da vida têm a ver com produção e rendimento, não com diversão. É a sociedade do homem-máquina, onde os aspectos de mercado se sobrepõe aos humanos. Ao mesmo tempo as esquerdas também se utilizam dessa “verdade”, visto, por exemplo, que grupos de pessoas reivindicam o direito ao trabalho, abrindo mão da oportunidade de se divertir e ter prazer através das mesmas atividades de que usufruem os seus patrões. Embora as ideologias estejam infiltradas nos processos e nas mensagens dos produtos culturais, é possível que conhecimento e diversão possam caminhar juntos, na medida em que se pode equilibrar essas informações. Críticos defendem que os produtos culturais para o “povão” devem ser mais “sérios”. De outro lado, a elite desfruta do prazer proporcionado pelas obras ditas cultas que consome. Temos uma contradição que se fundamenta na luta de classes. Para começar a resolvê-las dentro do contexto dos produtos culturais, devemos nos lembrar de que diversão também pode trazer informação.
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