Rio Amazonas
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RIO AMAZONAS
O Amazonas fertiliza uma região de quase seis milhões de quilômetros quadrados, equivalente a mais de metade da Europa: se a Amazônia é “o pulmão do mundo”, sua artéria principal e o rio Amazonas.
Há ainda controvérsias sobre sua nascente, o que dá grandes variações à extensão total. A hipóteses atualmente mais aceita apresenta como primeiros lances de sua formação os cursos d’água andinos (e peruanos) Apurimac-Ucayali. Com base nisso, a Carta Aeronáutica Mundial deu ao Amazonas, daí a foz, o comprimento de 6.571 km, pouco menor que o do Nilo, consagrado em torno de 6.670 km. Uma outra versão localiza o nascedouro em um ponto mais a sudeste e acha 7.025 km de percurso. Seja como for, é difícil afirmar com segurança o comprimento do Amazonas.
Sua descarga, vazão ou volume de água, é também, de longe, a maior que se conhece. Em 1963, o United States Geological Survey, associado à Universidade do Brasil e à Marinha de Guerra, mediu a vazão em Óbidos: 216.342 m3 por segundo, doze vezes a do Mississipi, mais de vinte vezes a do Nilo. Vale notar que, depois de Óbidos, o Amazonas recebe as águas do Tapajós e do Xingu, na margem direita, do Maicuru, Paru e Jarí, na margem esquerda. Durante as grandes cheias, a descarga do rio Amazonas chega a 240.000 m3 de água por segundo. Nesta descarga total, a parte sólida (terra, detritos) é avaliada em 40 m3 por segundo.
O Amazonas é um rio generosamente navegável. Nos 3.700 km que vão da embocadura à cidade de Iquitos, sua profundidade (ás vezes mais de cinqüenta metros) lhe permite receber navios de alto-mar. Muitos de seus afluentes são também navegáveis, de modo que o transporte hidroviário é um dos mais fácies da região e permanece subexplorado em todos os planos: da quantidade, da qualidade, dos recursos tecnológicos empregados com esse objetivo. Bem programado, é o meio ideal no que diz respeito à proteção da natureza.
Entre os afluentes do Amazonas há também muitos rios colossais. O Madeira é um dos vinte maiores do mundo; o Purus, o Tocantins e o Juruá estão entre os trinta principais. Em toda a rede desses afluentes, no Brasil, sobressaem, pela margem direita, o Javari, Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu; pela margem esquerda, Içá, Japurá, Negro, Trombetas, Paru e Jarí.
O estuário do rio Amazonas tem duas partes, pelo menos: o canal do Norte, mais largo, e o do Sul, conhecido ainda pelos nomes de rio Pará e baía de Marajó. De um a outro lado dos dois canais a distância é de cerca de 150 km. Se considerar o estuário até a costa leste da ilha de Marajó, a medida é o dobro, girando em torno de 300 km. São os chamados furos de Breves, uma série de canais naturais a sudoeste da ilha de Marajó, por onde as águas se distribuem, se filtram, como se fossem muitos e cuidadosos os preparativos para encontrar o oceano. Adiante surgem as ilhas: além da Marajó, a Grande de Gurupá, a Caviana, a Mexiana, a Janaucu, a Queimada, etc.
O Amazonas apresenta ainda vários fenômenos muitos curiosos. No baixo curso, o mais famoso é o da chamada pororoca, encontro violento das águas do rio com as do mar, com estrondo que se ouve a quilômetros de distância. As ondas sobem abruptamente e depois descem em sucessão sobre as praias, tornando perigosa a navegação. Acontece principalmente em outubro, quando as condições do rio e do mar, águas baixas e maré alta, são propícias.
Algo semelhante ocorre nas proximidades de Manaus, quando os rios Negros e Amazonas se encontram: embora não se dê a explosiva luta da pororoca, os dois custam muito a se misturar e, como suas cores são bastante diferentes, vê-se a dificuldade com que o Negro deságua, infiltrando-se aos poucos no Amazonas. As marés de água doce também são intrigantes. Ocorrem em diversos rios que acabam no mesmo estuário amazônico, e duas vezes por dia, dada a variação do nível do mar.
Perfeitamente conhecido, e às vezes apavorante, é o fenômeno das terras caídas, conseqüência evidente da formidável força e predomínio das águas em toda a Amazônia: as margens são solapadas e subitamente sai da terra uma nova ilha levada pelo rio, muitas vezes com seus animais ou moradores, uma parte do gado ou instalações e casas. Mais recente é a pesquisa sobre as cores dos rios da Amazônia: há rios “brancos” ou amarelos, alaranjados, de forte castanho-escuro, verdes, negros, transparentes. A explicação está nos compostos químicos (orgânicos e inorgânicos) que prevalecem nos lugares por onde passam. O Amazonas, de um modo geral, é dos “brancos”, barrento claro, ao menos em sua viagem pela planície.
Suas águas tingem as do oceano até cerca de 200 km da costa, reduzindo a salinidade. Por isso o espanhol Vicente Pinzón, que em 1500 teria chegado à foz, denominou-o Mar Dulce.
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