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Adeus ao Trabalho?
(Ricardo Antunes)

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PRIMEIRA PARTE

CAP III. DIMENSÕES DA CRISE CONTEMPORÂNEA DO SINDICALISMO: IMPASSES E DESAFIOS

Ao longo da década de 1980 pôde-se constatar uma diminuição dos movimentos grevistas nos países capitalistas avançados, que por certo advém das dificuldades de aglutinar, numa mesma empresa, aumentando consequentemente os riscos de expansão de movimentos xenofóbicos, corporativistas, racistas, paternalistas, no interior do próprio mundo do trabalho. Também nos países do Terceiro Mundo, particularmente aqueles dotados de uma industrialização significativa, como é o caso do Brasil, México, entre tantos outros, para uma relação cada vez mais individualizada.
Uma tendência de burocratização e institucionalização das entidades sindicais, que se distanciam dos movimentos sócio autônomos, optando por uma alternativa de atuação dada vez mais integrada à institucionalidade, ganhando com isso, legitimidade e estatuto de moderação, pelo distanciamento cada vez maior de ação anticapitalista, e a consequente perda de radicalidade. Constituíram-se e consolidaram-se enquanto organismos defensivos e por isso têm se mostrado incapacitado para desenvolver e desencadear uma ação para além do capital. Essa tendência a dessindicalização não deve ser confundida , entretanto com, uma uniformização do sindicalismo, um outro elemento decisivo no desenvolvimento da crise sindical é encontrado no fosse existente entre os trabalhadores “estáveis” , de um lado,e aqueles que resultam do trabalho precarizado do outro. Com o aumento desse abismo social no interior da própria classe trabalhadora , reduz fortemente o poder sindical, historicamente vinculado aos trabalhadores “estáveis” e até agora , incapaz de aglutinar os trabalhadores parciais , temporários, precários, da economia informal etc.
A fragmentação, heterogeneização, complexificação da classe que vive do trabalho, questiona na raiz o sindicalismo tradicional e dificulta também a organização sindical de outros segmentos que compreendem a classe trabalhadora. Como diz Visser, o sindicalismo tem encontrado dificuldades para incorporar as mulheres, os empregados de escritório, os que trabalham no setor de serviços mercantis, os empregados de pequenas empresas e os trabalhadores em tempo parcial.
Essa crise que se apresenta, se defronta com uma contextualidade que tem, em síntese, as seguintes tendencias:
Uma crescente individualização das relações de trabalho, deslocando o eixo das relações capital e trabalho da esfera macro para a micro, aumentando cada vez mais a individualização, o que controla e aliena a ação sindical; Uma fortíssima corrente no sentido de desregulamentar e flexibilizar ao limite o mercado de trabalho, ignorando e atingindo as conquistas históricas dos sindicatos, e que tem sido incapazes de evitar as constantes transformações; O esgotamento dos modelos sindicais vigentes nos países avançados, que “erroneamente” escolheram um sindicalismo de participação, o que agora os obriga a novamente a lutar, em alguns casos de forma mais radical pela preservação de seus direitos, visando diminuir o desemprego estrutura.

É por esses motivos que começam a ganhar maior expressão movimentos sindicais alternativos, que questionam a ação eminentemente defensiva praticada pelo sindicalismo tradicional, que se limita a ação dentro da ordem – principalmente aqueles que estão dentro de processos produtivos como o Toyotismo, onde suas ações são controladas e monitoradas de bem perto, já que suas ações “perderam o sentido original”, o da busca pela conquista de direitos para a classe, e se tornou incontestavelmente alienada, massa de manobra dentro dos próprios sindicatos.
Alguns enormes desafios marcam o conjunto do movimento sindical em escala global, e podemos resumi-los nos seguintes termos:

1)Os sindicatos serão capazes de romper com a enorme barreira que separa os trabalhadores - “estáveis” e terceirizados e precarizados? Serão capazes de organizar sindicalmente os desorganizados e com isso reverter as taxas de dessindicalização, presentes nas principais sociedades capitalistas?
2)Serão capazes de romper com o novo corporativismo - que exclui parcializa e preserva o caráter fragmentado e heterogêneo da classe trabalhadora – que defende exclusivamente suas respectivas categorias profissionais, abandonando ou diminuindo fortemente seus conteúdos mais acentuadamente classistas?
3)Serão capazes de reverter essa tendencia , desenvolvida a partir do toyotismo e hoje avançando em escala global , que consiste em reduzir o sindicato ao âmbito exclusivamente fabril, ao chamado sindicalismo de empresa, o sindicalismo de envolvimento, mais vulnerável e subordinado ao comando patronal?
4)Serão capazes de superar o sindicalismo vertical e unir a classe-que-vive-do-trabalho?
5)Serão capazes de romper com a tendência crescentemente excessiva da institucionalização e burocratização, que tão fortemente tem marcado o movimento sindical em escala global e que o distancia das suas bases sociais aumentando ainda mais o fosse entre as instituições sindicais e os movimentos sociais autônomos?
6)Serão capazes os sindicatos de deixar sua postura defensiva e adotar um projeto mais ambicioso que os leve a emancipação dos trabalhadores?

Assim , procura-se expor esses desafios como forma analítica de entender o quadro real da crise dos sindicatos em escala global. Mas, os caminhos a serem trilhados pelos sindicatos ainda são tortuosos e difíceis, e se eles vão conseguir através de suas ações evitar ainda mais o enfraquecimento de suas classe, é uma resposta que só o tempo dirá.



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