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Adeus ao Trabalho?
(Ricardo Antunes)

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2. TEMPO DE TRABALHO E TEMPO LIVRE: POR UMA VIDA CHEIA DE SENTIDO DENTRO E FORA DO TRABALHO

A redução da jornada diária (ou do tempo semanal) de trabalho tem sido uma das mais importantes reivindicações do mundo do trabalho, uma vez que se constitui num mecanismo de contraposição á extração do sobre trabalho, realizado pelo capital, desde sua gênese com a Revolução Industrial e contemporaneamente com a acumulação flexível da era do toyotismo e da máquina informacional.
Nos dias atuais , essa formulação ganha ainda mais concretude, pois revela-se, contingencialmente um mecanismo importante, no entanto ela, transcende em muito essa esfera da imediaticidade, uma vez que a discussão da redução da jornada de trabalho configura-se como um ponto de partida decisivo, ancorado no universo da vida cotidiana.
Através da luta pela redução da jornada (ou do tempo), pode-se articular efetivamente a ação tanto contra alguns das formas de opressão e exploração do trabalho, lutar pela redução da jornada de trabalho implica também e decisivamente lutar pelo controle (e redução) do tempo opressivo de trabalho, a redução formal do horário de trabalho pode corresponder, a um aumento real do tempo de trabalho despendido durante esse período. Se o trabalho se tornar dotado de sentido, será também (e decisivamente) através da arte, da poesia, da pintura, da literatura, da musica, do tempo livre, do ócio, que o ser social poderá humanizar-se e emancipar-se em seu sentido mais profundo. Algo similar ocorre se, após a redução pela metade da jornada de trabalho, houver uma duplicação da intensidade das funções realizadas pelo trabalho a ser desenvolvido.
Todas essas considerações nos permitem indicar algumas conclusões. A primeira: a luta pela redução da jornada ou tempo de trabalho deve estar no centro das ações do mundo do trabalho hoje, em escala mundial. Trata-se de lutar pela redução do trabalho visando, no plano mais imediato, minimizar o brutal desemprego estrutural que é consequência da lógica destrutiva do capital e de seu sistema; de reduzir a jornada ou tempo de trabalho para que não prolifere ainda mais a sociedade dos precarizados e dos desempregados.
Segunda: o direito ao trabalho é uma reivindicação necessária não porque se preze e se cultue o trabalho assalariado, heterodeterminado, estranhado e fetichizado (que deve ser radicalmente eliminado com o fim do capital), mas porque estar fora do trabalho, no universo do capitalismo vigente, particularmente par a massa de trabalhadores e trabalhadoras (que totalizam mais que dois terços da humanidade) que vivem no chamado Terceiro Mundo, desprovidos completamente de instrumentos verdadeiros de seguridade social, significa a uma desefetivação, desrealização e brutalização ainda maiores que as já vivenciadas pelas classe-que-vive-do-trabalho. Portanto, também nesses países o direito ao emprego, articulado com a redução da jornada e do tempo de trabalho, torna-se uma reivindicação capaz de responder ás efetivas reivindicações presentes no cotidiano da classe trabalhadora. Desse modo, a luta contemporânea imediata pela redução da jornada (ou do tempo) de trabalho e a luta pelo emprego, ao invés de ser excludentes, tornam-se necessariamente complementares. E o empreendimento societal por um trabalho cheio de sentindo e pela vida fora do trabalho , por um tempo disponível para o trabalho e por um tempo verdadeiramente livre e autônomo fora do trabalho – ambos, portanto, fora do controle e do comando opressivo do capital – , converte-se em um elemento essencial na construção de uma sociedade não mais regulada pelo sistema de metabolismo social do capital e por seus mecanismos de subordinação, indicando assim os fundamentos societários básicos para um novo sistema de metabolismo social.



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