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Adeus ao Trabalho?
(Ricardo Antunes)

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6. TRABALHO E ESTRANHAMENTO

A história da realização do ser social, muitos já o disseram, objetiva-se através da produção e reprodução da sua existência, ato social que se efetiva pelo trabalho, em outras palavras, o ato de produção e reprodução da vida humana realiza-se pelo trabalho. Este, por sua vez, desenvolve-se pelos laços de cooperação social existentes no processo de produção material. É a partir do trabalho, em sua cotidianidade, que o homem torna-se ser social, distinguindo-se de todas as formas não humanas, que ele sabe que determina como lei, espécie e o modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade.
Em outras palavras, o ser humano tem ideado, em sua consciência, a configuração que quer imprimir ao objeto de trabalho, antes de sua realização. É no trabalho, entendido com protoforma, como forma originaria da atividade humana que se pode demonstrar ontologicamente que o estabelecimento de uma finalidade é um momento real da efetiva realidade material, ou, ainda segundo Lukásc: tão somente o carecimento material, enquanto motor do processo de reprodução individual ou social põe efetivamente em movimento o complexo do trabalho; e todas as mediações existem ontologicamente apenas em função da sua satisfação.
O trabalho gera, na ontologia do ser social, uma categoria qualitativamente nova relação ás precedentes formas do ser inorgânico, o trabalho mostra-se como momento fundante de realização do ser social, condição para sua existência; é o ponto de partida para a humanização do ser social e o motor decisivo do processo de humanização do homem. Por outro lado, os objetos e as forças da natureza são transformados em meios, em objetos de trabalho, em matérias-primas etc. É o ponto de partida do processo de humanização do ser social, também é verdade que, tal como se objetiva na sociedade capitalista, o trabalho é degradado e aviltado. O processo de trabalho se converte em meio de subsistência.
O que deveria ser a forma humana de realização do individuo reduz-se á única possibilidade de subsistência do despossuído. Esta é a radical constatação de Marx: a precariedade e perversidade do trabalho na sociedade capitalista. Ainda conforme Marx: segundo leis da economia Política o estranhamento do trabalho em seu objeto se expressa de maneira que quanto mais o trabalhador produz tanto menos tem para consumir, que quanto mais valores criam tanto mais se torna sem valor e sem dignidade, que tanto melhor formado o seu produto tanto mais bárbaro o trabalhador, que quanto mais poderoso o trabalho tanto mais impotente se torna o trabalhador, que quanto mais rico de espírito o trabalho tanto mais o trabalhador se torna pobre de espírito e servo da natureza.
No estranhamento do objeto do trabalho só se resume o estranhamento, a alienação na atividade mesma do trabalho. O estranhamento, enquanto expressão de uma relação social fundada na propriedade privada e no dinheiro é a abstrata da natureza especifica pessoal, do ser social, que atua como homem que se perdeu a si mesmo, desumanizado. O estranhamento remete, pois, á idéia de barreiras sociais que obstaculizam o desenvolvimento da personalidade humana. O homem se converte em um simples meio para ouro homem, um meio para a satisfação de seus fins privados, de sua avidez. Não se verifica o momento de identidade entre o individuo e o gênero humano – isto é, o homem vivendo para si mesmo conscientemente como gênero, mas o seu contrario.A igualdade dos trabalhos humanos assume a forma material da igual objetividade de valor dos produtos de trabalho; a medida do dispêndio de forças de trabalho do homem, por meio de sua duração, assume a forma da grandeza de valor dos produtos de trabalho; finalmente, as relações entre os produtores, em que aquelas características sociais de seus trabalhos são ativadas, assumem a forma de uma relação social entre os produtos de trabalho.
Há, portanto, no plano da produção e reprodução material, uma dupla dimensão da luta contra o estranhamento sob o capitalismo: aquela que visa o questionamento do próprio modo de produção e extração na mais-valia e aquela que possibilita ao individuo que trabalha, utilizar seu horário de não-trabalho, seu tempo liberado, visando a concretização de uma experiência mais cheia de sentido, não coisificado pela manipulação do capital. Se é valido o argumento que a formulação do fim do proletariado é, no mínimo, polêmica e mesmo problemática, mesmo quando remetida á concretude do capitalismo avançado (onde expressivos confrontos do proletariado europeu, como a greve dos mineiros ingleses, que perdurou por quase um ano, e a dos metalúrgicos alemães, também de longa duração só para citar dois exemplos desencadeados em 1984 contraditam as teses do welfare-state e do conformismo da classe operária mais problemáticas tornam-se quando remetidas aos países não-hegemônicos.



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