Adeus ao Trabalho?
(Ricardo Antunes)
8. DIMENSÕES DA CRISE CONTEMPORÂNEA OU DA NOVA (DÊS) ORDEM INTERNACIONAL
Vivemos numa época marcada por uma aguda crise e inúmeras mistificações. Valores, concepções, ideários, todos eles moldados por manipulações que penetram como enorme intensidade em milhões de consciências e cuja finalidade é mascarar a dimensão aguda da crise contemporânea. A primeira delas, responsável pelo entendimento que se propagou, a partir da derrocada do Leste em 1989, com o desmantelamento da URSS e praticamente de todos os países que compreendiam o equivocamente chamado “bloco socialista”. A segunda: a crença da vitória do capitalismo, que teria, com a derrota do Leste, criado as condições para sua eternização.
Uma revolução singular, que contava com sua expansão para o Ocidente para que pudesse sobreviver, viu tolhido este caminho, restando-lhe a expansão para o Oriente, para os países atrasados, de origem colonial. O reino da escassez, o atraso tecnológico, a permanência de uma divisão do trabalho só parcial e limitadamente modificada, a dependência financeira crescente ao capital internacional são algumas das muitas manifestações da crescente subordinação dos países do Leste Europeu á lógica do sistema produtor de mercadorias em escala internacional. Garantidos por uma autocracia partidária e estatal de feição neo-stalinista, o que possibilitado, até o presente, o sucesso econômico desse modelo. Desse modo, uma postulação essencial de Marx – sobre a necessidade de uma generalização das revoluções socialistas num plano histórico-universal, e da impossibilidade do comunismo local foi confirmado e não negada da impossibilidade do comunismo local, foi confirmada e não negada com o desmoronamento do Leste europeu. Paralelamente á globalização produtiva, a lógica do sistema produtor de mercadoria acentuou em tal intensidade a concorrência inter-capitalista que converteu a busca da produtividade, da modernidade, em um processo autodestrutivo que gerou, entre outras conseqüências nefastas, a criação sem precedentes de uma sociedade de excluídos.
Não se constituem desse modo, em alternativa a ser seguida e viabilizada pelos países continentais do Terceiro Mundo, desse modo, a crise que antes atingia o Terceiro Mundo, depois de destruir o Leste europeu, avança em direção ao centro. A miserabilidade presente nas grandes capitais, as altíssimas taxas de desempregos, a desindustrialização de inúmeros complexos produtivos são algumas expressões mais visíveis da crise aguda que marca a sociedade capitalista. Quanto mais diminui a capacidade aquisitiva global, real ou produtiva, em virtude da destruição.
Tudo isso possibilita, neste final de século quase das trevas, um real revivescimento da esquerda, renovada e radical, inspirada em valores essenciais do pensamento de Marx, fundada na classe que vive do trabalho, e por isso capaz de iniciar um processo de construção do socialismo, que de fato de inicio a uma organização societária emancipada, fundada em valores para além do capital, do mercado, do lucro, que possibilitem a existência de seres sociais livremente associados.
É, como se pode ver, um empreendimento difícil e ousado, para o qual estão impossibilitados tanto a velha esquerda da era stalinista , como a esquerda social-democrática .
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