Adeus ao Trabalho?
(Ricardo Antunes)
Apêndices:
Um quadro fortemente critico
O entendimento dos elementos constitutivos desta crise é de grande complexidade, uma vez que, nesse mesmo período, ocorreram mutações intensas, de ordens diferenciadas e que, no seu conjunto, acabaram por acarretar conseqüências muito fortes no interior do movimento operário e, em particular, no âmbito do movimento sindical. O entendimento desse quadro, portanto, supõe uma analise da totalidade dos elementos constitutivos desse cenário, empreendimento ao mesmo tempo difícil e imprescindível, que pode ser tratado de maneira ligeira.
Sua intensidade é tão profunda que levou o capital desenvolver pratica materiais da destrutiva auto-reprodução ampliada ao ponto em que fazem surgir o aspecto da destruição global, em lugar de aceitar as requeridas restrições positivas no interior da produção para satisfação das necessidades humanas. Embora o longo prazo as conseqüências do fim do Leste Europeu sejam eivadas de positividades, pois, coloca-se a possibilidade da retomada, embases inteiramente novas, de um projeto socialista de novo tipo, que recuse, entre pontos nefastos, a tese do socialismo num só país e recupere elementos centrais da formulação de Marx.
A reestruturação produtiva do capital e as mudanças no mundo do trabalho
O despotismo torna-se então mesclado com a manipulação do trabalho, com o envolvimento dos trabalhadores, através de um processo ainda mais profundo de interiorização do trabalho alienado. Criou-se um lado, em escala minoritária, o trabalhador polivalente e multifuncional, da era informacional, capaz de operar com maquinas com controle números e de, por vezes, exercitar com mais intensidade sua dimensão mais intelectual.
E desse modo, procurando articular desde aqueles segmentos que exercem um papel central no processo de criação de valores de troca, até aqueles segmentos que estão mais á margem do processo produtivo, mas que, pelas condições precárias em que se encontra se constituem em contingentes sociais potencialmente rebeldes diante do capital e suas formas de sociabilização.
Essas conseqüências no interior do mundo do trabalho evidenciam que, sob o capitalismo, não se constata o fim do trabalho como medida de valor, mas uma mudança qualitativa, dada, por um lado, pelo peso crescente da sua dimensão mais qualificada, do trabalho multifuncional, do operário apto a operar com máquinas informatizadas. Também não é possível prever nenhuma possibilidade de eliminação da classe que vive do trabalho, enquanto forem vigentes os pilares constitutivos do modo de produção do capital.
O entendimento abrangente e totalizante da crise que atinge o mundo do trabalho passa, portanto, por esse conjunto de problemas que incidiram diretamente no movimento operário, na medida em que são complexos que afetaram tanto a economia política do capital quanto as suas esferas política e ideológica.
Em busca de uma nova lógica social
A individualidade emancipada, o capital contemporâneo, ao mesmo tempo em que pode, através do avanço tecnológico e informacional, potencializar as capacidades humanas, faz expandir o fenômeno social do estranhamento. Isso porque, ao mesmo tempo em que o desenvolvimento tecnológico pode provocar diretamente um crescimento da capacidade humana, sua subordinação estrita á lógica do capital acaba por sacrificar os indivíduos e até mesmo classes inteiras.
Como as suas formas contemporâneas de estranhamento ou alienação atingem, além do espaço da produção, também a esfera do consumo, a esfera da vida fora do trabalho, o chamando tempo livre é, em boa medida, um tempo também submetida aos valores do sistema produtor de mercadorias e das suas necessidades de consumo, tanto materiais como imateriais.
Com isso o trabalho social, dotado de maior dimensão humana e societal, perderiam seu caráter fetichizado e estranhado, tal como se manifesta hoje e, além de ganhar um sentido de auto-atividade, abriria possibilidades efetivas para um tempo livre cheio de sentindo além da esfera do trabalho, o que é uma impossibilidade na sociedade regida pela lógica do capital. Até porque não pode haver tempo verdadeiramente livre erigido sobre trabalho coisificado e estranhado.
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