Fisiologia aplicada à Psicologia
(Célia Martins Cortez; Dilson Silva)
O Sistema Tálamo-cortical pode ser dividido em dois componentes: o específico e o inespecífico. O específico constitui-se por núcleos talâmicos que se relacionam com áreas específicas do córtex, este sitema de fibras que levam os sinais gerados, se relaciona com a gênese da atenção ou concentração em um assunto específico. O inespecífico constitui a porção mais alta da FR, que invade o tálamo e formada por núcleos intralaminares, periventriculares e reticulares. Esses núcleos fazem múltiplas conexões intratalâmicas com os núcleos talâmicos principais e suas fibras ascendentes se conectam com grande parte do córtex.
A atenção ou vigília é causada pelas variações na atividade da FRM. O controle da atenção geral é exercido pelo mecanismo que controla a vigília, como um centro localizado no mesencéfalo e porção superior da ponte e o direcionamento da atenção para aspectos específicos sensoriais imediatos ou memorização se deve a ativação de áreas específicas do córtex por regiões específicas do tálamo. Uma outra forma de atenção é quando as regiões ativadas do córtex podem controlar seu próprio fluxo de informação.
O eletroencefalograma, registro da atividade elétrica total do cérebro a partir da sua superfície ou do couro cabeludo, consegue captar diferentes tipos de de ondas cerebrias: alfa, beta, teta e delta. As alfa se caracterizam por estado de repouso vigil (acordado de olhos fechados), as beta pela atividade do SNC e durante uma tensão nervosa, as teta se associam a estado de estresse emocional, desapontamento e frustração, como também em distúrbios mentais e finalmente, as delta tem origem aparente em mecanismos sincrônicos relacionados com os neurônios corticais, têm presença no sono profundo, sugerindo que o córtex está liberado das influências do SRA. O eletroencefalograma pode ser útil para doenças cerebrais como epilepsias e distúrbios do sono, como também para tumores e doenças vasculares focais do cérebro, abstinência de drogas psicoativas, infeccções cerebrais, estados de coma etc.
Como o relaxamento somático e visceral, ocorre uma transição da atividade beta de alta freqüência, típica da vigília, para a atividade alfa modulada. Isso ocorre como uma preparação para a entrada no ritmo delta de ondas lentas e amplas. Há o sono superficial no qual se divide em: estágio alfa, aonde os ritmos de ondas beta vai se lentificando e provoca relaxamento psicofísico; estágio de fusos de sono, caracterizado por ondas alfa mais lentas e irregulares, surgindo descargas corticais periódicas de grande amplitude (fusos de sono ou ondas sigma); e estágios 3 e 4, no qual as ondas vão ficando mais lentas, ondas sigma mais freqüentes a medida que o sono se aprofunda e limiares sensoriais elevados, conforme os estágios se aprofundam, surgem ondas K (bifásicas e de grande voltagem). Os estágios 3 e 4 se associam a recuperação do organismo, crescimento corporal e restauração tecidual, ocorrendo aumento da liberação de hormônios estimulantes de síntese protéica e RNA e da absorção de aminoácidos, ocorrem movimentos oculares rotatórios e lentos.
O sono profundo mostra comportamento eletroencefálico do tipo beta gerados em núcleos reticulares pontinos, ritmos dessincronizados e rápidos, além movimentos oculares rápidos. Há duas fases desse tipo de sono: sono tônico, relacionado com o ritmo de fase beta e o sono fásico, relacionado com os fenômenos dos movimentos oculares rápidos e do sonho. Essas fases se alternam e a atividade cortical é aumentada no decurso dos períodos do sonho, intensificando a ritmicidade beta. As fase REM e não-REM se alternam em ciclo, sendo que a fase REM vai aumentando progressivamente enquanto a não-REM diminui. O estágio fásico do sono também aumenta a atividade de certos orgãos, mimetizando situaçoes do estado de vigília. Conforme o sono vai se aprofundando, há uma gradual liberação dos conteúdos inconscientes e aumento da capacidade do córtex de ordenar imagens oníricas.
O período REM tem como substrato as vias originadas no locus ceruleus e núcleos da rafe mediana, que empregam como neurotransmissor a serotonina, noradrenalina e catecolamina. As vias da Nad permanecem ativas durante o sono, sendo responsáveis provavelmente da potencialização do sono superficial e profundo, isso foi evidenciado pela descoberta da sua associação com a acetilcolina. A serotonina é apontada como tendo responsabilidade na supressão do estado basal de vigília, sustentando o sono superficial. Há substâncias tais como barbitúricos que induzem o sono e os benzodiazepínicos que são ansioíticos ou seja, causam sonolência ou sono aparentemente profundo.
As atividades de mudanças metabólicas são estabelecidas no sono, no que se refere ao estabelecimento de uma memória definitiva. Há os transtornos do sono, que são considerados como livres de qualquer outro fator: os transtornos primários que são as Dissonias e Parassonias, secundários a outro transtorno mental, secundário a uma condição médica geral e transtornos induzidos por substância. A insônia primária é uma situação de dificuldade para iniciar, manter o sono ou o sono não ser reparador, relaciona-se com a maior excitação fisiológica ou psicológica à hora de dormir. A Hipersonia Primária é a sonolência excessiva. A narcolepsia caracteriza-se por ataques repetidos e irresistíveis de sono, ocorrendo de forma repentina. O terror noturno inclui despertar abrupto, geralmente começando com um grito de pânico, seguindo-se de excitação autonômica e manifestações comportamentais de intenso medo. Para terminar, o sonambulismo que é um fenômeno no qual se observa atividade motora similar ao estado de vigília, envolvendo ações motoras simples, no qual os olhos do indivíduo se mantém abertos.
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