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Jornada da Alma
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Jornada da Alma (Prendimi L'Anima) conta a história do tratamento da paciente Sabina Spielrein, pelo psiquiatra Carl Gustav Jung, discípulo de Sigmund Freud em psicanálise - que por divergências posteriores abandonou o mestre. O roteiro é baseado na história real de uma mulher russa, então com 19 anos, em 1905, diagnosticada como louca. Internada em um hospital psiquiátrico de Zurique (Suíça), ela é a primeira paciente de Jung em psicanálise.
Sabina é internada pela família, ou seja, compulsoriamente, por padecer de surtos que ocorrem logo depois da morte de sua irmã. No período crítico do início do tratamento, ainda na internação hospitalar, a paciente tenta o suicídio por duas vias: não comer e definhar deixando aos pais apenas suas roupas e sapatos; e depois, já apaixonada por Jung e sentindo-se abandonada por ele, fura-se com um garfo de metal.
A paciente "transfere" a figura do pai odiado a Jung que, na "contratransferência" devolve-lhe um pai amoroso e dedicado. Sabina, anoréxica, até então, passa a se alimentar, recuperando a saúde integralmente. Porém, o amor de transferência da paciente, correspondido pela contratrasnferência ou resposta do médico, o enreda e o torna presa. Eles tornam-se amantes.
Ambos escrevem sobre o caso a Freud, e o pai da psicanálise orienta Sabina a separar-se de Jung, imediatamente - à época mestre e discípulo ainda não haviam rompido. Penso que Freud atua como pai e interdito do relacionamento, já que Jung, uma vez que saiu do seu lugar de psicanalista, não podia mais receber com a neutralidade e a isenção devidas (e possíveis) a transferência de sua paciente. Ou seja, o contrato foi rompido: Jung saiu do lugar transferencial de pai e tomou o de amante – se continuasse como psicanalista, simbolicamente estaria implicado em uma relação incestuosa.
Jung sugere que Sabina estude medicina e, seguindo seu conselho, ela forma-se em psiquiatria, seguindo os passos da psicanálise. O filme mostra o quanto Jung interpretava seus sonhos, para além da interpretação freudiana. Pressentimentos e premonições, à noite, e o sentimento dos sinais da natureza, em vigília.
Foi assim que, uma vez, retirou Sabina de dentro de um poço externo do hospital psiquiátrico, para onde ela fugira na madrugada. Ele sonhou que ela havia fugido de seu quarto hospitalar, e foi até o local, conferindo que ela não estava mais lá. No final da história, quando Sabina está junto a outros judeus numa sinagoga russa, e é metralhada por nazistas, em 1942, Jung acorda-se no meio da noite e vê passar pela sua casa uma matilha em disparada. Pressente o ocorrido.
Já a discípula mostra seus dotes durante a própria terapia psicanalítica, continuação do tratamento extra-hospitalar, após a alta. Ela interpreta magistralmente um sonho do mestre, durante uma de suas sessões. Porém, a interpretação é puramente freudiana. Mais tarde, já separada de Jung e casada e mãe de uma menina (Renate), Sabina retorna à Rússia e funda a creche branca, fundamentada na liberdade de expressão das crianças.
Pela creche passa o pequeno filho de Stálin, que mais tarde será comandante do Exército Vermelho. Já criança, violento e frio, o menino parece mostrar o quanto está identificado com o pai. O sonho da creche branca dura até a tomada do poder por Stálin, que proíbe a circulação de um livro escrito por Sabina - sua importância para a psicanálise freudiana e a psicologia analítica jungiana foi reconhecida muito depois de sua morte.
Nessa Jornada da alma, dois momentos tocam profundamente e me parece que têm a ver um com o outro. Um deles, é quando um menino com traços autistas é despertado pelo amor e a técnica criada por Sabina - ele é reencontrado pela narradora da história, aos 84 anos, como único ex-frequentador vivo da longínqua creche branca; não por acaso ele conta a história, era ele mesmo o menino com traços autistas.
O outro momento é atualizado pela narradora, quando pensa no professor de história que a contratou como tradutora e por quem talvez tenha se apaixonado, mas de quem não consegue se aproximar, como se a relação mesma fosse autista. Ela cita o escritor e poeta russo Boris Pasternak, mais ou menos assim: "Quando você não consegue entrar em contato com a alma de alguém, vá embora e retorne depois." Como se dissesse, jamais desista do outro, e assim, jamais desista de si.



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