Você já pode saber se vai ficar careca
(Lucia Mandel)
Você já pode saber se vai ficar careca
Arthur Tykocinski, 45 anos, cirurgião reconhecido internacionalmente por seu trabalho com transplante de cabelos, é membro diretor da Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Cirurgia de Restauração Capilar. Ele também compõe o comitê consultivo médico da DermaGenoma, empresa norte-americana que lançou o primeiro teste específico para calvície nos Estados Unidos em 2007. Hoje esse teste é realizado em mais de 30 países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Europa e Japão.
Recentemente a DermaGenoma trouxe ao Brasil dois testes: um para verificar a probabilidade de homens e mulheres ficarem calvos e outro para ver como os homens responderão ao tratamento com finasterida, primeira escolha de tratamento para eles. Esses testes são aprovados nos Estados Unidos, Europa e Japão.
Em entrevista a VEJA, Dr. Arthur explica como funcionam esses testes, e quem pode se beneficiar com eles.
O gene responsável pela calvície já foi descoberto?
A herança da calvície é poligênica, ou seja, existem vários genes envolvidos. Um gene comprovadamente envolvido é o gene do receptor androgênico (AR). Ele se localiza no cromossomo X, aquele que o homem herda da mãe e que a mulher herda da mãe e do pai.
Como funciona o exame?
Ele é um teste de rastreamento e indica qual a probabilidade da calvície ocorrer, e consequentemente a atenção que devemos dispor ao problema. Ele rastreia justamente o gene AR do cromossomo X. Baseado numa variação deste gene, o teste aponta a chance de se desenvolver calvície. Um homem com teste positivo e que tenha pai calvo terá 80% de chance de ficar calvo. Já um homem com teste negativo cujo pai não é calvo tem 90% de chance de não ficar calvo.
No caso de predisposição à calvície, existe prevenção?
Sim, e quanto antes for iniciado o tratamento, melhores os resultados alcançados. Mais do que isso: sabendo do problema, as pessoas tendem a ser mais disciplinadas quanto ao tratamento. No caso dos homens temos a finasterida oral, minoxidil e 5-alfa-estradiol dentre outros. No caso das mulheres, anticoncepcionais de ação anti-andrógena, outros anti-andrógenos, ou o minoxidil. Vitaminas, minerais e aminoácidos também podem ser suplementados, assim como o tratamento de problemas associados ao couro cabeludo, como a dermatite seborreica, que também deve ser tratada.
O teste da finasterida também indica qual o melhor tratamento a se escolher?
No caso dos homens sim. O teste de resposta à finasterida mostra como o paciente provavelmente reagirá ao tratamento. A vantagem de se ter essa informação é que muitos homens ficam desmotivados a iniciar o tratamento por não gostarem de um tratamento oral ou por medo de possíveis efeitos colaterais. Sabendo que existe grande chance de responder bem à finasterida, o paciente fica mais motivado a tratar antes que a calvície se estenda.
Por outro lado, há homens que preferem apenas o tratamento oral e dispensam o tratamento tópico associado. No caso de estimarmos que a resposta à finasterida será pequena, recomendaremos associar o tratamento tópico. Assim, instituímos o melhor tratamento ao paciente antes de ele apresentar perda capilar significativa e evoluir para uma calvície irreversível ao tratamento clínico, quando lhe restaria apenas o transplante capilar.
O teste de predisposição à calvície também pode ser feito em mulheres?
Sim, e é uma importante indicação. Enquanto nos homens o diagnóstico de calvície é relativamente fácil, nas mulheres ele pode ser mais complexo, pois existem inúmeras variáveis e o quadro tende a ser mais discreto e a progredir lentamente. Como o tratamento específico para a perda capilar de padrão feminino é baseado em medicamentos orais com ação anti-andrógena, um diagnóstico preciso se impõe. Com esse teste genético os dermatologistas podem antecipar o tratamento em anos, permitindo que as pacientes mantenham melhor seus cabelos a longo prazo. Quanto ao teste para prever a resposta à finasterida, existem indícios de que também será efetivo para mulheres. Mas ainda estamos na fase de estudos científicos, e portanto ele ainda não está disponível para elas.
Que tipo de pessoa, na sua opinião, deveria se submeter ao teste?
Pessoas com antecedentes familiares de calvície e aqueles que ainda não tenham diagnóstico conclusivo. Em ambos os casos, saber antes significa iniciar o tratamento antes de haver falha capilar evidente. Como sabemos que os tratamentos disponíveis hoje para calvície conseguem retardar sua progressão e que os resultados para recuperar o que já foi perdido são limitados, instituir um tratamento adequado logo no início é a melhor conduta para preservar os cabelos. Um alívio para médicos e pacientes.
Como é feito o teste?
A coleta de material é simples, realizada pelo dermatologista no próprio consultório. Um cotonete próprio para coleta genética é friccionado suavemente na parte interna da bochecha por 30 segundos. São colhidas duas amostras de células, uma de cada lado. Elas são enviadas para análise à matriz da DermaGenoma na Califórnia, e o dermatologista recebe o resultado em até quatro semanas.
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