Armando SENTE ALÍVIO
(NELSON PASCARELLI FILHO)
Assim que sua mulher faleceu, Armando decidiu livrar-se das samambaias e orquídeas. Fez sem dó, jogou tudo num terreno baldio, até mesmo, no embalo do alívio, despediu-se com uma cusparada das quinquilharias de plástico, gesso e madrepérolas, estas são aquelas que nunca ousou saber do que eram feitas: lixo!Durante três dias tolerou o ímpeto de se livrar do aquário, mas deu fim a esse tormento, que para ele, não passava da mais tola mesmice e tédio previsível: - aquarismo é hobby para tolos, afirmava solenemente!Com as fotos, cartas e documentos, fez um pacote usando velho jornal esportivo e o enviou para o filho primogênito.Restava o cacto, enorme, plantado num vaso amarelo, bem ao lado da TV. Não teve dúvidas, fez maldade refinada para cutucar a defunta, regou o cacto com cerveja escura, bebia com enormes goles e quando faltavam três dedos para findar o copo, despejava no vaso: amanhã estará mortinho e fará companhia para a velha!Mas o cacto resistia e parecia até ficar mais bonito e forte. Resistiu quinze dias, um mês, dois...Ficaram amigos, confidentes, simbiontes. Armando conversava com o cacto, até pedia-lhe palpites para apostar nos cavalos! Por que não? Armando sentiu alívio quando a soberania retornou a sua vida, apesar de reeditar pequenas maldades infantis em plena senilidade. Para Saber Mais: www.pascarellisciensead.com.br
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