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Déjà VU
(NELSON PASCARELLI FILHO)

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Minha psicanalista é alta, grande, bochechas complacentes, sua voz é aceitável, não irrita meus sensíveis ouvidos. Somos obesos “fellinianos” e nisso já existe entre nós uma solidariedade junguiana. Antes ela atendia-me às 16h00 (e eu que nasci às 16h30 repleto de angústias, todas elas tão uterinas), agora, após o fétido carnaval, atende-me no primeiro horário, logo na segunda-feira, quando a realidade mostra seus dentes caninos aos homens proativos. Antes eu aguardava com ironia cirúrgica a contemplar os rostos de quem saia da sessão; havia os lacrimosos, os pálidos e sorridentes, também os pasteurizados que morrem duas vezes numa vida só. Durante dez meses vi esses rostos, agora todos eles foram-me subtraídos. Somente tenho as badaladas da Catedral da Sé que marcam com precisão quando devo falar e quando devo calar. Hoje, ela usou uma sandália modesta e pude ver suas unhas, que para nada me serviram. Resolvi comer um bauru com queijo. Ninguém fala mal de queijo branco. Vi fotos antigas da cidade de São Paulo: tudo e todos parecem mais felizes. Eu assobio um trecho de Rigoletto e caminho a esmo.



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