Assimetria
(NELSON PASCARELLI FILHO)
Se o Destino é uma farsa, é a mais bela e incrível farsa que inventaram! Sempre duvidei do Destino e fiz dessa dúvida um benefício: regozijei-me nele para tomar decisões acertadas. Não é exagero de poeta tuberculoso, mas penso em você pelo menos uma vez ao dia. Hoje, por um ato governamental semi-estúpido, nossos destinos se tocam num inédito “agora-já” e tudo que me elicia desejo está como sempre esteve em você: os olhos de um verde acinzentado, a voz rouca e sensual, a simetria loquaz do seu rosto mediterrâneo, o sorriso perturbador, o riso breve e o pragmatismo cruel com que toma decisões cotidianas; brilho no olhar tão deliciosamente invasivo e não consigo rasgar suas fotos: resignação inacessível ao entendimento humano, destinos assimétricos.
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