Recursos humanos parte 3
(rodrifinanceiro)
Continuação da parte 2
Partindo de tais pressupostos, este autor chama a atenção para o facto de que a tomada de decisão, enquanto processo de análise e escolha entre várias alternativas possíveis sobre a acção a desenvolver, assenta em seis factores:
1. Quem toma a decisão.
2. Objectivos que se pretendem alcançar com a decisão.
3. Critérios subjacentes à tomada de decisão.
4. Estratégia(s) subjacente(s) à escolha do desenvolvimento da acção e aos recursos disponíveis para a respectiva concretização.
5. Contexto envolvente de quem toma a decisão.
6. Resultado(s) da estratégia(s) seguida(s).
Assinala o mesmo autor, igualmente, que um processo de decisão se implementa em etapas, tais como:
1. Percepção da envolvente do problema a resolver.
2. Análise e definição do problema.
3. Definição dos objectivos.
4. Levantamento das alternativas.
5. Selecção das alternativas.
6. Avaliação e comparação das alternativas.
7. Escolha e implementação da alternativa considerada mais favorável.
Embora reconhecendo a pretensão de rigor associada à racionalidade, conforme se verifica pelos aspectos acima referidos, com que os indivíduos tentam implementar as suas actividades organizacionais, H. Simon destaca, por outro lado, a incapacidade dos indivíduos para equacionarem toda a informação necessária a uma absoluta racionalidade de suporte à decisão,
dado que esta se baseia num entendimento parcial da situação (conceito de racionalidade limitada). Destaca ainda, que não existem decisões perfeitas, uma vez que as opções decorrem de alternativas diversas e são aferidas em função dos resultados obtidos, numa óptica de eficiência (melhores resultados com menores recursos).
Um adequado entendimento das organizações nos dias de hoje é seguramente tributário do contributo da Teoria dos Sistemas. A Teoria dos Sistemas constituiu-se e desenvolveu-se como uma resposta à visão atomística de um paradigma científico que pretendia explicar e compreender fenómenos naturais e sociais, a partir das propriedades e leis específicas das diferentes partes que os constituem. A aplicação das premissas teóricas da teoria geral dos sistemas às ciências sociais, e mais concretamente à teoria das organizações, permite concluir que o seu campo de observação e análise engloba vários domínios:
- As organizações são constituídas por sistemas dentro de sistemas, isto é, são constituídas por indivíduos inseridos em grupos, sendo estes subsistemas das organizações.
- As organizações e as sociedades em que se inserem são subsistemas do sistema social global, logo, susceptíveis de se constituírem em objecto de conhecimento científico em três dimensões (ou níveis de análise): subsistema, sistema e supra-sistema.
- As organizações no seu funcionamento interno ou na interacção com a envolvente tendem para o crescimento, a diferenciação e a competição.
O modelo teórico sistémico para a compreensão das organizações é o de um sistema de energia input-output, no qual o retorno de energia do output reactiva o sistema. Por outro lado, as organizações sociais constituem sistemas abertos,
porque o input de energias e a conversão do produto em novo input de energias consiste numa troca contínua entre a organização e o seu meio ambiente.
Resulta também destes contributos, a compreensão de que os sistemas sociais inerentes às organizações possuem cultura, valores, estruturas, normas, regras e papéis com características específicas, sendo de salientar que tais papéis, normas e valores são cruciais, porque:
- Descrevem as formas particulares de comportamento humano que se encontram associadas ao desempenho de determinadas tarefas.
- As normas constituem as expectativas genéricas de todo o sistema relativamente ao cumprimento de papéis pelos seus membros.
- Os valores exprimem as aspirações ideológicas dos indivíduos e grupos que interagem no seio do sistema.
As organizações, enquanto sistemas sociais resultantes da criação humana, necessitam de planeamento.
Este facto resulta da compreensão de que as organizações, enquanto sistemas, apresentam uma acentuada variabilidade estrutural e funcional, pelo que se tornam necessários factores e/ou forças de controlo e de coordenação para reduzir a variabilidade do comportamento humano. Neste domínio, o planeamento tem uma importância fulcral.
Sem os contributos da teoria dos sistemas não haveria uma compreensão sistémica da organização, nem se desenvolveria a importante abordagem que é a Teoria Sócio-Técnica.
A Teoria Sócio-Técnica assenta nas seguintes premissas básicas:
- As organizações são sistemas abertos constituídos por dois subsistemas fundamentais: o subsistema técnico e o subsistema social.
- O sistema técnico consiste no domínio onde se manifestam as exigências próprias das tarefas que são executadas em cada organização, quer ao nível das competências, quer ao nível dos conhecimentos exigidos pelo tipo de equipamento utilizado, características das matérias-primas e das instalações físicas.
- O sistema social é constituído pelas pessoas e respectivas interacções.
- O sistema técnico e o sistema social são mutuamente dependentes e influenciam-se reciprocamente, isto é, a natureza das tarefas influencia a forma de dispor e organizar as pessoas, e as características psicossociais determinam cada posto de trabalho.
Segundo alguns autores, será com a Teoria Sócio-Técnica que se criam condições para uma ruptura com a as abordagens clássicas, nomeadamente pelo facto de o factor humano ser reconhecido, não apenas como importante no contexto organizacional, mas sobretudo por ser reconhecido como um dos sub-sistema autónomos em que assenta a organização.
Deve também ser feita uma referência relativamente aos contributos de autores como Peter Drücker, denominados como neo-clássicos – Escola Neo-Clássica - que assinalam não ter particular relevância o modelo teórico em que as organizações se inserem - embora reconhecendo a mais-valia que as diferentes abordagens trouxeram à compreensão do fenómeno organizacional - mas se cumprem pressupostos de eficácia e de eficiência, isto é, se satisfazem os respectivos objectivos em termos de resultados alcançados e se cumprem satisfatoriamente o rácio de custos/benefícios.
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