As Razões da Tolerância
(Bobbio)
O conceito de tolerância é generalizado para o problema da convivência das minorias étnicas, raciais, para aqueles que são chamados de “diferentes”. Uma coisa é o problema da tolerância de ciências e opiniões diferentes; outra é a tolerância em face de quem é diferente por razões físicas ou sociais, o que leva ao preconceito e discriminação.Para o intolerante, o tolerante é um ser cético, sem convicções fortes, sem possuir nenhuma verdade pela qual valha a pena lutar. E ainda, que seria tolerante por más razões e não por boas razões.No entanto, o autor expõe três boas razões da tolerância do ponto de vista da razão prática.A primeira delas é a tolerância como um mal necessário, ou seja, implica na opinião de que a verdade tem tudo a ganhar quando se suporta o erro alheio.A Segunda das boas razões é que por trás da tolerância há uma atitude ativa de confiança na razão alheia, capaz de levar em conta o próprio interesse à luz do interesse dos outros.Por fim, há uma razão moral em favor da tolerância: o respeito à pessoa alheia. Trata-se de um conflito entre razão teórica e razão prática, entre aquilo que se deve fazer e aquilo que se deve crer.Ao lado dessas doutrinas que consideram a tolerância do ponto de vista da razão prática, há outras que a consideram do ponto de vista teórico, segundo as quais a verdade só pode ser alcançada através da síntese de verdades parciais. Sustentam ainda que a verdade não é una e que a tolerância é uma necessidade inerente à própria natureza da verdade. O autor sustenta que a tolerância sempre é tolerância em face de alguma coisa e exclusão de outra. O ponto central da tolerância é o reconhecimento do igual direito de conviver, do direito ao erro de boa-fé.Argumenta o autor que quem crê na bondade da tolerância o faz porque crê na sua fecundidade, e considera que o único modo de fazer com que o intolerante aceite a tolerância é o reconhecimento do seu direito de se expressar. Aduz, ainda, que um intolerante perseguido e excluído jamais se tornará um liberal.Ao final, o autor ressalta que a única coisa que não parece ambígua na história dos últimos séculos é a interdependência entre a teoria e a prática da tolerância de um lado e do outro o espírito laico, entendido como a formação de uma mentalidade, de uma razão que une todos os homens.
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