Como Favorecer a Criatividade
(Isabel Andrea)
Os individuos que possuem maior capacidade para o trabalho académico não são necessariamente os mais criativos.
Os mais criativos sofrem por vezes de problemas de desajustamento social, mas quando se integram, são os que mais contribuem para modificações profundas ao nível do comportamento humano, propondo novas formas de intervenção e relacionamento, novos modos de sentir, pensar e agir, sintetizados em projectos e objectos.
A criatividade pode cultivar-se individualmente e em grupo, através de experiências que estimulem o pensamento divergente que, ao contrário do pensamento convergente, em vez de uma única solução, aceita várias soluções possíveis, vários modos de resolver o mesmo problema.
PENSAMENTO: CONVERGENTE E DIVERGENTE
Os problemas escolares estão relacionados com os problemas da sociedade no seu conjunto, pelo que só podem ser compreendidos, enquadrados nesse contexto. Em que medida a organização social, com as suas estruturas e o seu sistema de relações, sufoca ou estimula a imaginação criadora, e em que medida a escola, estiola ou favorece a aptidão para a necessidade de criar?
Quando a actividade mental e manual é canalizada,tem normas restritas, submetida a instruções rígidas no sentido de uma solução única, apela para o pensamento convergente.
Por outro lado, o pensamento divergente é aquele que, perante um problema, procura as soluções possíveis, sendo menos adstrito à conformidade de respostas do que à sua originalidade, tranquilo em face das questões amplas e mal definidas, capaz de apreender relações entre factos nunca anteriormente notados e de produzir formas novas, através de ensaios e erros. É o pensamento que caracteriza o espírito de aventura e de fantasia, o pensamento do artista, do sábio, do investigador, do pioneiro, do inovador.
Pensamento convergente ou lógico e pensamento divergente ou intuitivo são duas formas complementares de pensamento. A escola deve criar condições que favoreçam o desenvolvimento de uma e outra forma de pensamento, se, de facto, está interessada em contribuir para a formação integral da pessoa.
Uma pessoa criativa é “original” na medida em que é capaz de ter ideias próprias e criar imagens e situações inéditas, encontrar soluções inesperadas e assumir formas de comportamento pessoal, pondo em causa hábitos, convenções, códigos e sistemas de pensamento e de acção; é “persistente” porque, mesmo as dificuldades e as frustrações parecem acicatá-la a realizar esforços maiores; é “independente” porque, exercendo sobre si uma exigente auto-crítica, confia no valor das suas ideias; deste modo é também “autoconfiante” e “responsável” porque, empenhando-se profundamente no que faz e pensa, ninguém sabe responder melhot,por essa forma de estar no mundo; é “intuitiva” porque, aderindo ao que lhe agrada e repelindo o que lhe desagrada, reage espontaneamente, apercebendo-se de conteúdos psicológicos, mais pela sensibilidade do que pelo raciocínio analítico e distanciado, a que recorre mais à-posteriori do que à-priori, como forma de avaliação sistemática de uma experiência vivida; é “sensível” e “atenta” à sua própria experiência e à experiência dos outros, ao que os outros pensam e fazem, sendo capaz de observar, ouvir, interpretar e dialogar com os outros, não apenas em moldes convencionais, mas aceitando novas formas, novos vocábulos, novos métodos de abordagem; é “imaginativa” , acreditando que a imaginação permanece a rainha das faculdades, segundo Baudellaire, ao sondar a linguagem dos sonhos, o trabalho do subconsciente, a capacidade de fazer livres associações de imagens, objectos e ideias.
Associar significa reunir elementos diferentes. A associação de dois mecanismos: tornar estranho o que é familiar e tornar familiar o que é estranho. O objectivo é explorar situações novas, inabituais. O tornar estranho o que é familiar é uma maneira de eliminar pré-concepções e de não pensar de acordo com padrões pré-estabelecidos.
A actividade criativa implica o prazer de fazer, a curiosidade, o estudo e uma predisposição natural para experimentar . Experimentação activa e directa que alterna com momentos de pausa para reflectir sobre o resultado a que vai chegando. É a partir do que se faz e do que se pensa sobre o que se faz que se constituem os vectores de uma motivação interior. Ao sonhar e imaginar, há que deixar “vaguear o espírito”, acalentando sensações e articulando ideias, antes de formular juízos de valor.
Vêem-se, pessoas auto-motivadas, desenvolverem por sua conta e risco uma actividade que lhes é própria, porque impregnada de autenticidade. Quanto mais pessoal, inovadora e autêntica é a actividade do individuo, mais corre o risco de não ser entendida.
Ao ser audaciosa e incómoda, a actividade criativa põe problemas e procura resolvê-los não de uma forma limitada mas admitindo possibilidades.
TÉCNICAS QUE ESTIMULAM A CRIATIVIDADE
A COLAGEM – Livre associação de imagens e de fragmentos de imagens, explorando o humor e o insólito, associar palavras e imagens, concebendo cartazes e poemas visuais.
A MONTAGEM – Livre associação de objectos e de fragmentos de objectos ou detritos da civilização industrial, alterando a forma e função do objecto. Fazer montagens objectuais e esculturas.
CADAVRE-EXQUIS – Jogo de papel dobrado que consiste em realizar um desenho por várias pessoas, sem que nenhuma delas saiba o que fizeram as outras, aproveitando apenas os traços de ligação. Ao desdobrar, verifica-se com surpresa o resultado obtido. A surpresa está na relação inesperada entre imagens díspares.
FROTTAGE E DECALCOMANIA - Desenhar e pintar a partir de texturas obtidas pelo processo da frottage, e a partir do borrão simétricoobtido pelo processo da decalcomania. A frottage consiste em colocar uma folha de papel fino sobre uma superfície rugosa e esfregar com um lápis. A decalcomania faz-se comprimindo tinta nomeio de uma folha dobradas.
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