O efeito-Foucault na historiografia brasileira. Michel Foucault
(Margareth Rago)
Margareth Rago, professora do Departamento de História do IFCH-UNICAMP, traz insights importantes sobre a influência do filósofo francês, Michel Foucault, sobre a produção historiográfica contemporânea, como no caso do conceito de poder disciplinar, que é ótimo operador para se pensar os mecanismos de dominação nas práticas sociais cotidianas. Seu artigo faz uma investigação sobre as mudanças paradigmáticas operadas nas noções de história e, desse modo, nas maneiras de estudá-la, principalmente à luz das proposições epistemológico-conceituais delineadas por Foucault. A mudança da ênfase na análise dos acontecimentos e eventos, com base nos princípios epistemológicos das formas de discurso que os conceberam, torna necessário que o historiador contemporâneo tente compreender os domínios de relações de força em que se dão os jogos de poder, e não mais se detenha em supostas verdades documentais.O título do artigo é sugestivo: “O efeito-Foucault na historiagrafia brasileira” (Tempo social – Rev. Sociol. USP. São Paulo: USP, 1995. p. 67-82). Porém, poderia acrescentar que esse efeito, ou a abrangência do pensamento de Michel Foucault, permeia todas as áreas do pensamento nas humanidades há mais de duas décadas, e vai além das fronteiras geográficas também. É um fenômeno ocidental que se espalha hoje por outros continentes. É a própria autora do artigo que nos aponta várias outras temáticas e campos além da historiografia, mas poderia destacar os estudos do gênero, que apontam para a necessária desconstrução de paradigmas em relação à feminilidade e à masculinidade. E aí também reside uma grande lição de Foucault: as essências e as identidades naturais são constructos ficcionais e não realidades empíricas. Para concluir, uma citação do texto de Margareth Rago: " Foucault chama a atenção
para as metáforas biológicas que organizam o discurso histórico, através das
quais fazíamos velhas perguntas ao passado e dávamos explicações antigas, mais
preocupados em construir linhas de continuidade entre os fatos, articulando-os
à custa de aplainamentos forçados. Nem interpretar os fatos, nem estabelecer
uma cadeia evolutiva entre eles, e muito menos atribuir todas essas nossas
operações a uma necessidade interna dos fatos históricos ".
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