O Natimorto
(Lourenço Mutarelli)
O primeiro contato que eu tive com Lourenço Mutarelli foi através de O Cheiro do Ralo, porém não pelo livro, mas pela ótima adaptação cinematográfica feita por Heitor Dhalia e estrelado por Selton Mello.
Lourenço entrou no mundo da literatura relativamente há pouco tempo, ainda no começo dos anos 2000, mas antes disso já havia feito muita coisa relevante para a arte.
Lourenço Mutarelli é um conceituado e premiado autor de quadrinhos brasileiros, reconhecido e respeitado principalmente na cena underground. Autor de obras sempre lembradas com carinho por seus fãs costumamente fiéis, como o Transubstanciação e O Dobro de Cinco do personagem Diomedes (em trabalho de filmagens para o cinema).
Lourenço partiu para a carreira literária “meio sem querer” após escrever seu primeiro livro no decorrer de cinco dias em um carnaval pouco produtivo para a festa, mas certeiro para a criatividade.
O Multifacetado artista, que é também ator e dramaturgo, carrega em seus trabalhos um humor ácido e negro, um algo de desesperado, absurdo e sombrio que talvez tenha herdado de Kafka e principalmente das próprias turbulências da vida e, ainda, uma realidade crua, turva e ao mesmo tempo despojada que se junta ao nonsense e ao provocante, encontrado principalmente em seus trabalhos atuais.
O Natimorto seu segundo livro é um romance e foi adapatado para o teatro por Mário Bortoloto e para o cinema por Paulo Machline e estrlado pelo próprio Lourenço Mutarelli no papel principal.
O livro é de sentenças curtas que se assemelha à velocidade dos quadrinhos e do cinema, embargado de ironia e rotina a história se passa entre dois personagens que têm a proposta de viverem enclausurados em um hotel. O Agente se apaixona pela A Voz e quer promovê-la, mas somente ele pode ouví-la.
Todas as manhãs O Agente compra um maço de cigarros e a partir das advertências contidas nos versos e relacionando-as com o jogo do tarô tenta adivinhar o destino de seu dia, e induz a parceira de quarto a abraçar.
O romance se passa todo em um hotel e e entre dos personagens, porém de forma alguma é monótono ou nos dá vontade de parar para fazer qualquer coisa. Quem pega o livro pela primeira vez sente que não pode largá-lo e navega até a suposta resolução da história encontrada na última página do livro, que como as boas têm finais apenas físicos mas que deixam reticências em nossas mentes durante muito tempo, quando não muito, eternamente.
Vale a pena ler, além de ser um excelente e original história, a nossa literatura contemporânea está trazendo cada vez mais autores de qualidade que precisam ser reconhecidos assim como os clássicos.
Segue uma entrevista com Lourenço no Entrelinhas da TV Cultura.
http://www.youtube.com/watch?v=1ZaTcRv1kZk
e o trailer do filme O Natimorto:
http://www.youtube.com/watch?v=zBUQUHYlX1A&feature=related
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