Delegado não vai pedir a prisão do Madoff mineiro
(Sandra Kiefer - Estado de Minas)
Desde dezembro, o ex-investidor de Wall, Street Bernard Madoff está atrás das grades, condenado a 150 anos de prisão por esquema fraudulento de pirâmide de US$ 50 bilhões. Enquanto isso, no Brasil, o empresário Thales Emanuelle Maioline, que deu o cano de R$ 50 milhões em 2 mil pessoas de 14 cidades mineiras, está oficialmente desaparecido. Ele não teve voz de prisão decretada e sequer a Polícia Federal ou a Interpool entraram no caso para descobrir o paradeiro do investidor mineiro e, principalmente, o destino do dinheiro. “E se eu pedir a prisão preventiva do Thales e ele aparecer aqui amanhã cedo? Não posso afirmar que ele está foragido, pois as investigações ainda estão no início”, alega o delegado Anselmo Gusmão, da Delegacia Especializada no Combate a Defraudações e Falsificações de Belo Horizonte.
Segundo o delegado da Polícia Civil, antes de tomar providências é necessário ouvir em cartório os depoimentos das 2 mil pessoas lesadas. Gusmão se limitou na quinta-feira a ouvir a história contada pelos sócios de Thales – a própria irmã dele, Ianny Márcia Maioline, e o administrador, Oséias Marques Ventura. Antes de o esquema vir à tona, eles retiravam 5% dos lucros pelos clientes arrecadados e outros 2% pela administração do núcleo. “Não sei dizer ainda se eles são vítimas ou autores. E se eu achar que também tiveram participação no crime?”, questiona.
O delegado não quis adiantar também se teria pedido a quebra do sigilo bancário e telefônico dos sócios e dos ex-consultores do fundo de investimentos Firv, que administrava valores entre R$ 2, 5mil a até R$ 5 milhões de investidores mineiros. Segundo Gusmão, o trabalho da Polícia Civil está sendo ouvir as testemunhas do fato até a segunda-feira e, somente na terça-feira, enviar equipe de detetives a São Paulo, para seguir as pistas deixadas pelo suspeito. Thales teria sido visto pela última vez saindo de um hotel na capital paulista, de calça jeans e boné, tomando um táxi em direção ao Terminal Rodoviário de Tietê.
A assessoria da Polícia Federal não confirma a existência de investigação do caso do Madoff mineiro. Segundo um dos investidores prejudicados, que perdeu em torno de R$ 1,8 milhão e foi pessoalmente denunciar o golpe na Superintendência da PF em Belo Horizonte, a informação era de que não havia elementos suficientes para abrir inquérito.
“No nosso caso, descobrimos que o processo ficou parado seis meses na Polícia Federal. Somente em agosto vão começar a tomar os nossos depoimentos”, afirma a empresária Maria Angélica Alvim, de 58 anos. Ela é uma das 50 vítimas de um golpe de R$ 4,5 milhões, que estourou em abril do ano passado, feito pela Yukon Consultoria Financeira, de Belo Horizonte, administrada por Lucas Gustavo Solli de Faria. “O que mais me revolta é que ele continua usando o nosso dinheiro em negócios paralelos em Tiradentes e em BH, em nome de laranjas”, protesta.
Em Nova Era, a funcionária pública Claudia A. por pouco não foi lesada pela empresa do Madoff mineiro. Esta semana ela iria fechar um contrato de investimento com a FIRV de R$ 10 mil e só não concretizou o negócio por causa da demora da liberação do prêmio que recebeu do estado. “Fiquei chocada com a notícia. Estava empolgada para investir meu dinheiro em um fundo em que vários conhecidos daqui de Nova Era me indicavam ser um investimento seguro e rentável. Iria até deixar de concluir a reforma da minha casa para poder investir neste Fundo. Bom que houve o atraso e não fui prejudicada. Mas sinto pena daqueles que depositaram uma quantia alta e agora perderam tudo”, desabafa.
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