Resumo de Morte Insidiosa - Dr. Adrérito Tavares

Em 1820, foi publicado em Londres um livro da autoria do analista químico alemão Fredeck Accum, que trabalhara em Inglaterra durante quase 30 anos. Intitulada "A Treatise on Adullterations of Food and Cuulinary Poisons" ( Tratado Sobre as Adulterações dos Alimentos e os Venenos Culinários), a obra denunciava a ganância criminosa de fabricantes e retalhistas britânicos de alimentos e bebidas, que aumentavam os seus lucros juntando aos produtos substâncias mais baratas e por vezes perigosas para o consumidor.
Usavam-se amêndoas amargas, que contêm ácido prússico, para dar um sabor idêntico ao dos frutos secos a muitos vinhos de mesa modestos. Os padeiros juntavam alúmen, mistura potencialmente perigosa de sais de alumínio e potássio, ao pão para lhe aumentar a brancura. Os vendedores de tabaco usavam nitrato de amónia para lhe intensificar o aroma. Certos produtores de lacticínios juntavam goma e miolos de carneiro ao leite para o tornarem mais espesso e intensificavam-lhe a brancura com greda. O chá era engrossado com serradura e outros resíduos e usavam-se ervilhas torradas para dar mais corpo ao café. Os cervejeiros "reforçavam" a cerveja adicionando-lhe drogas letais. E, Os rebuçados de cores vivas, tão apreciados pelas crianças, eram tingindos com sais de chumbo e cobre, altamente venenosos, o mesmo acontecendo com os doces de framboesa e groselha.
Muitas vítimas destes mixordeiros adoeciam gravemente, chegando algumas mesmo a morrer.
Porém, a reacção às acusações formuladas por Accum, acabaram por tomar a forma de uma campanha para o desacreditar. Em Abril de 1821, foi alvo da acusação forjada de ter "mutilado" livros da biblioteca da Royal Institution, em Londres. A fim de não se sujeitar ao julgamento e à ignomínia pública, Accum fugiu para a Alemanha.
Após a sua partida, esmoreceu o receio dos alimentos envenenados.
Em 1855, porém, as conclusões a que chegou uma comissão nomeada para o efeito, chefiada pelo Dr. Arthur Hill Hassall, confirmaram o rigor do trabalho pioneiro de Accum. Assim, em 1860, foi promulgada a primeira lei dos Alimentos e Drogas da Grã-Bretanha. Doze anos depois, a lei era revista e agravadas as sanções a aplicar no seu âmbito.
Foram nomeados analistas oficiais dos alimentos e conferido à Olícia o poder de prender quem quer que falsificasse os alimentos que fabricava ou vendia.
No final do século, esse perigo desaparecia e os Britânicos podiam sentir-se protegidos dos falsificadores de alimentos.

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