Justiça pode decretar prisão de Madoff mineiro
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Deve sair nesta segunda-feira a ordem de prisão preventiva do empresário Thales Emanulle Maioline, que desapareceu com cerca de R$ 50 milhões de 2 mil investidores de 14 cidades mineiras. O pedido foi feito formalmente na semana passada pelo delegado Island Batista, chefe da Delegacia de Combate às Falsificações e Defraudações de Belo Horizonte. Segundo o delegado, faltava apenas a ordem judicial para dar prosseguimento às investigações, com a interceptação das ligações telefônicas, monitoramento de e-mails e contas bancárias.
O delegado avaliava ainda a necessidade de enviar equipe de detetives a São Paulo, onde o investidor foi visto pela última vez, mas admitiu serem poucas as chances de Maioline estar ainda na capital paulista. Em 23 de julho, Maioline deixou o hotel onde estava hospedado na cidade, pagou a conta e chamou o serviço de táxi por telefone. Teria desembarcado no Terminal Rodoviário Tietê, vestido de calça jeans, blazer preto e sapatos sociais, deixando para trás a mala de roupas.
"Até segunda-feira (hoje) é certo sair a ordem judicial. Sem a prisão preventiva, não adianta descobrir o paradeiro do empresário, já que ele não foi preso em flagrante e nem temos autorização da Justiça para prendê-lo”, afirma Batista. Ele disse ainda que pretende prosseguir esta semana com as oitivas de testemunhas, já que, na falta da prisão em flagrante, os depoimentos servem como prova para constatar que o empresário encontra-se foragido. Segundo o chefe de polícia, assim que sair o mandado de prisão, será passada cópia do inquérito e da foto de Maioline para a Polícia Federal, que deverá então replicar o material para a Interpol. A estratégia da polícia é tornar conhecido o rosto de Maioline para facilitar a obtenção de pistas sobre o paradeiro do golpista, que está foragido há 15 dias.
Desde fevereiro, Maioline é também alvo de investigação realizada pela polícia em Araçuaí, sua terra natal. Foi justamente a repentina mudança do estilo de vida de Thales – que, em pouco tempo, passou a demonstrar ostentação de riqueza, que despertou a atenção para o trabalho policial. Desaparecido há 18 dias, Maioline – que criou a Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros Ltda, – teve pedida a sua prisão preventiva, que pode ser decretada a qualquer momento. Ele está sendo comparado a Bernardo Madoff, ex-investidor de Wall Street, acusado de aplicar o golpe da pirâmide financeira.
O jornal Estado de Minas teve acesso ao relatório da investigação, que indica que empresário vinha “aliciando pessoas para aplicar dinheiro num investimento de altíssimo risco, pois a única garantia que ele dá às vítimas é um cheque pré-datado pelo prazo de seis meses com taxa de juros fixos de 5% ao mês. Fora isto, paga-se dividendos mensais variáveis denominados "bônus", os quais têm atingido taxas de 5%, 6% e até 7% sobre os valores investidos".
Além disso, o documento relata que o Madoff mineiro, que tem como formação o curso de técnico em mineração, “estaria fazendo uma lavagem cerebral nas pessoas gananciosas por lucro rápido e fácil e, inclusive, prometendo que sua meta é criar um banco, o que se realizaria muito em breve, dadas as oportunidades de ganhar dinheiro rápido e fácil que ele teria descoberto e os participantes atuais daquele investimento se tornariam acionistas master, privilegiados da organização que ele deseja estabelecer".
Por outro lado, o resultado da investigação destaca que Thales – “que não recebeu nenhuma herança, até porque é de família humilde e nem teria tirado a sorte grande em nenhuma loteria” – já teria adquirido vários bens, incluindo casas, sítio e mais de 10 veículos, inclusive importados, e há notícias de parte deste patrimônio estaria registrada em nome de "laranjas", sendo seu pai, irmã, cunhado e outros. O documento ressalta que consulta junto ao sistema informatizado Infoseg apontou o registro de 10 veículos em nome do empresário, sendo vários deles importados.
Empresas não são de thales
Diferentemente do que foi informado na edição de domingo do Estado de Minas, as empresas Transcol e Dular, de Itabirito; Futurista Colecctanea e Security Point Produtos de Segurança, de Belo Horizonte; e Líder Multimarcas, de João Monlevade não são de propriedade de Thales Maioline nem de seus sócios. Essas empresas apenas fizeram consultas no sistema de busca da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) nos dias 9, 28 e 29 de julho no caso de Maioline; em 26 de julho, no caso de Iany, e em 28 e 30 de julho, no caso de Oséias Marques Ventura. O sistema registra uma consulta feita em relação a Thales Maioline em Fortaleza (CE) em 29 de julho, seis dias depois da fuga do ex-investidor, que sumiu em São Paulo, no dia 23 do mesmo mês. O sistema, portanto, pode ser fornecer um indício de que, nesta data, Thales se encontrava no Ceará.
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