Uma pequena impressão no pescoço
(Dr. Adrérito Tavares)
Os relógios de Paris batiam as 3 e meia da tarde de 25 de Abril de 1792 quando o salteador Nicolas-Jacques Pelletier se tornou a primeira vítima da guilhotina. Foi conduzido ao cadafalso, erguido na Place de Grève, onde o aguardava o executor público Charles-Henri Sanson. Entre os milhares de cidadãos que se apinhavam na praça encontrava-se o Dr. Joseph-Ignace Guillotin,responsável pela introdução em França deste novo instrumento de execução.
A guilhotina era formada por dois postes verticais encimados por uma travessa e sulcados por forma a descer por eles uma pesada lâmina de guma oblíquo. O condenado era amarrado a uma tábua, a "báscula", que depois era inclinada para diante, ficando o pescoço da vítima preso entre duas peças de madeira situadas por baixo da lâmina. Esta estava suspensa de uma corda cuja extremidade o carrasco segurava.
Quando este soltava a corda, a lâmina caía rápida e pesadamente, cortando o pescoço da vítima. A cabeça caía para dentro de um cesto e o corpo era empurrado para outro.
Até então só os os aristocratas condenados haviam sido decapitados por um carrasco munido de um machado, correndo algumas execuções de forma desastrada o que provocava grande sofrimento aos supliciados. Em contrapartida, os criminosos "comuns" eram habitualmente supliciados na roda.
O Dr. Guillotin, professor na Faculdade ded Medicina de Paris, procurou tornar as decapitações tão compassivas quanto possível e estender o "privilégio" a todos os condenados à morte, independentemente da sua classe ou condição. As suas reformas foram incorporadas como uma emenda humanitária à anterior cláusula do Código Penal Francês, segundo a qual "todo o condenado à pena de morte deve ser decapitado".
Para ter a certeza de que o aparelho funcionava bem, foi testado com cadáveres de criminosos cedidos pelo Hôpital de Bicêtre, próximo de Paris.
Finalmente, como ensaio geral para a decapitação de Pelletier, as cabeças de três cadáveres "de dimensões hercúleas", foram impecavelmente cortadas pela lâmina.
A execução do salteador decorreu sem o menor transtorno e Sanson cumpriu a sua missão com a "destreza e o amor dignos de um artista".
E o Dr. Guillotin comentou: "A vítima nada sofreu. Apenas sentiu uma ligeira impressão no pescoço".
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