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Uma audiência com o marajá
(Dr. Adérito Tavares)

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O rufar de tambores gigantes ressoou pela cidade de Udaipur, no Noroeste da Índia, convocando os 16 duques ou "umraos" de Mewar para participarem no "durbar" real na corte do marajá Bhim Singh. Posto que os domínios deste estivessem consideravelmente reduzidos nos finais do século XVIII, o marajá era ainda monarca absoluto e, quando dava uma recepção estatal ou formal, ou "durbar", esperava que estivessem presentes os mais poderosos dignitários do país.
Cada duque aproximou-se do palácio a cavalo escoltado por lanceiros e seguido de um cortejo de arautos, porta-estandartes e tamborileiros. Ao  chegarem aos portões do palácio, implantados no alto da cidade, com as paredes de granito coroadas por cúpulas de mármore, omarajá fê-los esperar.
Quando BhimSingh apareceu à varanda com as suas finas vestes brancas e o turbante reluzindo com ezplêndidas jóias, os nobres desmontaram e os seus cavaleiros e escudeiros inclinaram-se profundamente. Os plebeus prostaram-se também, e como não estavam acostumados a tal magnificência, puseram as mãos em pala sobre os olhos. Em seguida, os nobres dirigiram-se para a Sala dos Tapetes, grande sala de recepção com paredes e colunas ricamente decoradas, mas escassamente mobilada. Após uma pausa, um arauto real anúnciou a chegada do marajá, proclamando os seus títulos, a sua linhagem e os seus feitos de armas.
Precedeu-o o cortejo de porta-estandartes reais da autoridade, um slo de ouro, uma cauda de iaque, espanadores ornamentais para moscas com cabos de prata maciça, leques de penas de pavão inseridas numa base de ouro e troféus de guerra. Finalmente, entrou o marajá, que foi saudado com manifestações de boas-vindas ao descer para o único assento da sala,um coxim debaixo de um dossel dourado. Com um tilintar de espadas e escudos, os cortesãos seguiram-lhe o exemplo e sentaram-se no chão atapetado. Ia começar o "durbar".
Os nobres mais importantes, sentados mais perto do marajá, punham-se de pé à vez. Cada um dava um passo em frente e oferecia-lhe uma moeda de ouro num lenço, jurando-lhe lealdade com as seguintes palavras: "Sou vosso filho. A minha cabeça e a minha espada estão às vossas ordens". Em seguida, os nobres das ordens inferiores ofereciam-lhe testemunhos de lealdade.Terminadas as formalidades, uma banda de música começava a tocar e um grupo de dançarinas rodopiava no meio da sala. Serviam-se refrescos, acompanhados de folhas de béfele para mascar e de ópio diluído para bebericar. O marajá falava com os que estavam ao pé de si e toda a gente se descontraía. Chegava depois a altura de deliberar sobre os assuntos da assembleia: um filho podia pedir escrituras da propriedade do seu falecido pai, presenteadas pelo marajá; dois pais podiam pedir-lhe que abençoasse o casamento entre os respectivos filhos; dois vizinhos podiam pedir-lhe que decidisse uma disputa de estremas.
Com toda a sua pompa, o "durbar" dos Rajeputana servia para algo concreto. O código hindu da monarquia afirmava que o marajá era o "pai" do seu povo. E, se bem que a sua "família" lhe devesse obediência e estivesse obrigada a servi-lo incondicionalmente, ele, por seu lado, tinha de escutar-lhe as queixas, resolver-lhes as querelas e oferecer-lhes protecção. O "durbar" cimentava essa ligação. Além disso, um chefe sensato cuidava de reforçar os laços de lealdade dos seus súbditos percorrendo o reino durante os meses suaves de Inverno e promovendo "durbares" informais sempre que a corte acampava.
Após o fim do domínio britânico na Índia, em Maio de 1948, o Rajeputana foi absorvido pela nova República da Índia. A época do tradicional "durbar" príncipesco terminara para sempre.



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