Uma medida para os tempos modernos
(Dr. Adérito Tavares)
À medida que as noites se tornavam maiores com a chegada do Inverno de 1798, os topógrafos Jean Delambre e Pierre Méchain chegavam ao fim de um penoso trabalho de seis anos e meio.
Tinham sido submetidos a demorados interrogatórios e passados alguns dias em diversas prisões francesas, tudo em resultado do desempenho da sua missão que consistia em definir uma unidade de medida adequada à França Revolucionária.
Em 1790, a Assembleia Nacional francesa estava decidida a livrar-se de tudo a que estivesse associado à monarquia. A Academia de Ciências foi incumbida de elaborar um novo sistema de pesos e medidas e para isso nomeou uma comissão.
Após alguma controvérsia, foi escolhido um sistema proposto em 1670 pelo padre Gabriel Mouton. Este preconizara que a unidade básica do comprimento fosse uma fracção da circunferência da Terra e que o sistema se baseasse em unidades décimas para facilitar os cálculos. Na Assembleia Nacional em 1791, foi recomendado o “metro”, do grego “metron” (medida), que deveria ser um décimo milionésimo da distância do pólo Norte ao equador, ou seja um quarto do meridiano terrestre.
Calculou-se então um metro provisório, baseado na distância estimada. Tornou-se assim necessário fazer o levantamento de um arco de meridiano para o cálculo da distância total do pólo ao equador. Foi escolhido o arco entre Dunquerque e Barcelona do meridiano que passa por Paris.
Delambre e Méchain fizeram as malas, pegaram no material topográfico e partiram para o campo. Delambre e a sua equipa trabalhavam de Dunquerque para sul, Méchain e a sua equipa de Barcelona para Norte. Além do difícil trabalho de medir e calcular distâncias, os topógrafos deram com um problema inesperado. As bandeiras brancas e os faróis do seu equipamento levantaram suspeitas nos revolucionários locais, pois o branco era a cor da realeza. Ambos foram repetidamente presos como espiões.
Em Novembro de 1798, terminaram o seu levantamento e extrapolaram o comprimento do arco que tinham medido que era cerca de 1/9 do total para o do quarto de meridiano terrestre.
Dividiram depois o número por dez milhões para calcular a medida do metro, que apresentava uma diferença de apenas 0.35mm do metro provisório.
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