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Mercado de Almas
(Dr. Adérito Tavares)

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As casas de tijolos de lama estendiam-se ao longo da margem do rio. Viam-se potes de ferro sobre o fogo, e o fumo subia lentamente, ao calor do meio-dia. Uma fiada de peixes acabado de pescar estava suspenso entre dois paus, e algumas galinhas esqueléticas debicavam uma pilha de inhames. Tudo parecia normal, mas a pequena aldeia estava estranhamente silenciosa.
A pouca distância da margem, numa canoa, um grupo de africanos olhava as casas desertas. Após uma breve troca de palavras, partiram, desaparecendo numa curva do rio. Tinham percebido que os aldeões, avisados de que um grupo de captura vinha a caminho, tinham fugido para a floresta.
Ao longo de toda a costa africana, onde hoje se situa o Gana e a Costa do Marfim, e até bem para o interior, bandos de traficantes de escravos, alguns trabalhando por conta própria, assaltavam pequenas comunidades rurais, prendendo toda a comunidade para ser vendida como escravos.
A escravatura era um importante elemento da economia africana, e os escravos eram vendidos e trocados por todo o continente. Às ordens dos seus senhores africanos, trabalhavam sobretudo como criados domésticos, mas também nas minas de ouro e na lavoura. Em meados do século XVIII, os escravos tornaram-se num dos principais “produtos” de exportação de África.
Os Europeus faziam comércio em África desde que os navios portugueses ali tinham chegado, no século XV, mas o negócio de escravos começou a ter maior importância quando os estados-nações da Europa tentavam desenvolver os seus territórios coloniais, ricos em terra e recursos por explorar.
Nas plantações de açúcar das Antilhas, nos campos de tabaco e nas plantações de arroz da América do Norte, e nas minas de ouro do Brasil, havia uma grave falta de mão-de-obra. Os escravos em boas condições físicas podiam chegar a valer 300 libras por cabeça.
Assim, para os capturarem, os traficantes cercavam uma aldeia, de modo a impedir a fuga e atacavam os aldeãos com armas europeias. Amarrados e presos uns aos por meio de cangas eram obrigados a caminhar até à costa ou até à margem de rios. Aí eram vendidos a intermediários, que os mantinham confinados em paliçadas até à estação das chuvas, que durava de Julho a Novembro; só então os rios tinham caudais suficientes para os navios os transportarem.
As africanos capturavam e vendiam escravos em troca de mercadorias europeias que iam das armas, a um pente, a uma garrafa de vinho português.
O difícil era estabelecer o valor das mercadorias trazidas pelos europeus e quantos escravos valiam, visto em África não existir moeda-valor.
Podia levar meses a completar um carregamento de escravos. Alguns navios subiam e desciam ao longo da costa, enviando um barco a terra em locais onde pudessem fazer negócio, outros trabalhavam com agentes.
Quando os navios negreiros levantavam âncora, a humilhação sistemática e o tratamento brutal provocavam aos cativos a inutilidade da resistência.
A vida a bordo de um navio negreiro era um rol diário de desumanidades pontuado por represálias violentas contra os desordeiros. Os escravos eram marcados com ferros em brasa, lançados em porões fétidos por baixo do convés, onde os obrigavam a manter-se deitados, apinhados em menos de metade do espaço atribuído aos condenados. Os homens eram acorrentados e algemados. As mulheres muitas vezes violadas pela tripulação pois, uma escrava grávida de uma criança mestiça era vendida por mais dinheiro nas colónias.
Pequenos grupos de escravos eram trazidos ao convés para fazer exercício, e chicoteados para se manterem em movimento apesar do entorpecimento e das cãibras. Muitos comandantes lançavam escravos doentes ou rebeldes borda fora.
Os que sobreviviam à travessia do Atlântico eram vendidos em leilões realizados junto aos cais nas Canárias ou no Brasil.



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