Clandestinos para a Liberdade
(Dr. Adérito Tavares)
Ao crepúsculo, a figura curvada mal se vislumbrada no alto da colina. Fazia várias semanas que a jovem mulher negra andava fugida da plantação de tabaco, na Carolina do Norte, onde vivera e trabalhara durante os 23 anos da sua vida. Esforçando-se por ver contra a luz que se desvanecia, mal reconhecia o rio Ohio, que em 1856, era a fronteira entre os estados esclavagistas do sul e os estados livres do norte. Ás primeiras horas da manhã encontrar-se-ia ali com Harriet Tubman, uma das mais activas agentes do “Caminho Clandestino”.
O “ Caminho Clandestino” era formado por uma rede de casas e esconderijos seguros, as “estações”, que ajudavam escravos do Sul a fugir para Norte ou para o Canadá. Os escravos, ou “passageiros”, escondiam-se nas “estações” durante o dia, e de noite viajavam a pé, de carroça ou de barco até à “estação” seguinte.
Os “passageiros” tomavam precauções para esconder a sua identidade, recorrendo muitas vezes a disfarces.
Em 1850, os proprietários de escravos eram autorizados pela lei a perseguir e recapturar fugitivos em qualquer parte do país. A polícia e os tribunais deviam colaborar com eles. Bandos de captores de escravos profissionais percorriam todo o país.
O percurso de fuga era organizado por abolicionistas, brancos e negros, e estava muito activo de 1830 até à deflagração da Guerra Civil, em 1861.
Apesar de os percursos de fuga não libertarem mais de alguns milhares por ano, as histórias de opressão e dor contadas pelos fugitivos constituíam uma poderosa propaganda a favor da causa abolicionista.
O Romance de Harriet Beecher Stowe, A Cabana do Pai Tomás, baseou-se na história verídica de um escravo fugitivo.
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