Golpe aplicado por Madoff mineiro chega a R$ 86 milhões
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O golpe de Thales Maioline – mentor de esquema de pirâmide financeira comparada a do ex-operador de Wall Street, Bernard Madoff – pode superar os R$ 50 milhões divulgados até agora pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia que regula o mercado de ativos no país. O calote tem potencial para atingir R$ 86,1 milhões, segundo comprovam Marco Antônio de Andrade e Moisés Arcanjo de Assis, advogados de defesa dos ex-sócios da Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros Ltda, a irmã Yani Márcia Maioline e o administrador Oséias Marques Ventura. Ontem, os advogados despejaram 26 volumes de documentos, entre contratos de mútuo , termos de aplicação e planilhas da empresa no balcão da Delegacia de Combate às Falsificações e Defraudações de Belo Horizonte.
Entenda o caso
Segundo os advogados, havia 1,4 mil investidores da Firv no total, distribuídos em 14 cidades mineiras, incluindo a capital. Para operar durante três anos no mercado financeiro, a Firv emitiu 2.850 termos de aplicação no período, sendo que, nos últimos seis meses, incentivou a substituição dos documentos por 1.950 contratos de mútuo. Com a troca, Maioline garantia que os investidores ficariam livres de prestar contas ao Fisco. Isso até fugir com o dinheiro dos investidores, em 23 de julho, sendo visto pela última vez no Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo.
“A soma de R$ 86,1 milhões é o valor contábil da movimentação financeira da empresa em três anos. Mas esse número é mentiroso. O valor real em dinheiro talvez não chegue a R$ 20 milhões”, diz Assis. Segundo Andrade, trata-se de uma pilha de papéis frios, sem lastro em moeda real. “É só fazer as contas. Para financiar um lucro de 5% sobre R$ 86,1 milhões, Maioline precisava comparecer com R$ 4 milhões por mês. Para sustentar esse valor, ele precisaria captar 1,6 mil novos clientes a cada mês. O esquema estava prestes a desabar”, afirma o advogado.
É assim que funciona o golpe da pirâmide: um grupo de amigos se reúne para fazer uma espécie de caixinha na empresa onde trabalham. Depositam, por exemplo, R$ 10 mil e retiram, todo mês, R$ 500 (lucro de 5%). Ao comprovar a existência de retiradas altamente lucrativas, ficam estimulados a reinvestir o dinheiro e a convidar novos amigos a participarem do grupo. No caso da Firv, os investidores eram chamados de “clube de vencedores”, que tinham a ilusão de multiplicar os rendimentos em progressão geométrica. A fantasia era reforçada no estilo de vida dos agentes da Firv, que ostentavam carros de luxo e roupas de grife, além de festas glamourosas oferecidas pela empresa, regadas a champanhe. Paralelamente ao esquema, Maioline gastava o dinheiro da empresa em cruzeiros marítimos, jet skys e pelo menos seis carros importados, que serão apresentados na delegacia, até a semana que vem, pelos advogados dos sócios.
Segundo Andrade, Maioline chegou a comprar diversos imóveis com o dinheiro dos investidores, que estão sendo levantados nos cartórios da cidade. “Precisamos recuperar o patrimônio de Maioline para socorrer a família”, defende. Segundo ele, a mulher de Maioline ficou com o saldo de R$ 30 mil na conta corrente. E só. Os imóveis estão em nome de Maioline. Já a irmã está com saldo negativo , casa alugado e carro financiados. Pouco antes de estourar o escândalo, ela havia vendido a própria casa para investir nos negócios do irmão.
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