Carta a uma professora
(Alunos da Escola de Barbiana)
Carta a uma Professora
Trata-se de um livro que critica abertamente, e de forma implacável, a escola e as relações de poder entre professores e alunos.
A obra foi escrita por oito alunos da escola de Barbiana, na Itália.
Trata-se, de facto, de um manifesto contra o preconceito e uma ode ao sacrifício dos pobres ao longo do seu percurso no ensino.
Apesar de não ser uma publicação recente, creio que algumas das críticas não perderam a validade. De facto, no centro desta obra estão os mesmos argumentos que serviram de fundamento à teoria da Escola como “Violência Simbólica” de Bourdieu e Passeron (1970).
Ainda que actualmente se tenha já percorrido um importante caminho para a democratização do ensino e se façam esforços que não são inglórios, a leitura desta obra permite uma aproximação aos obstáculos que ainda se colocam às camadas mais desfavorecidas da população. A expressá-lo, transcrevo o seguinte excerto:
“Talvez a professora não tivesse chumbado o Gianni por mal. Talvez a culpa fosse da outra professora que lho entregou já muito crescido. Talvez seja da maneira como o mundo é feito. Talvez a culpa seja do Gianni! (…) os senhores apresentam a escola como o pior dos males. Como é que querem que os miúdos aprendam a gostar dela?” Ou ainda relativamente às classes desfavorecidas: “A casa deles está a abarrotar de livros e de culturas! Aos cinco anos o Pierinho manuseava um livro como eu manuseava uma pá!”
Ou ainda, o meu excerto preferido:
“Eu sei ler todos os ruídos deste vale.
Eu sei no que um montanhês está a pensar quando se cala, e porque é que às vezes pensa uma coisa e diz outra. É esta a cultura, que os Poetas que a Senhora Professora admira, sempre desejaram ter! Nove décimos do mundo possuem-na e ainda ninguém foi capaz de a escrever, pintar ou filmar!”
Recomendo vivamente a leitura integral do livro!
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