Resumo de Teoria da mais-valia

Segundo Marx, o valor das mercadorias representa o trabalho social que, directa ou indirectamente, é necessário para as obter, considerando um estado social determinado, uma intensidade e habilidade média do trabalho incorporado, bem como o nível de tecnologia em vigor. Quanto maior for o trabalho empregue na sua produção maior será o valor da mercadoria. O valor do trabalho será determinado de acordo com os mesmos moldes usados para a mercadoria: segundo a quantidade de trabalho necessário à sua produção, isto é, através do valor dos recursos indispensáveis à subsistência do indivíduo, portanto, necessários para produzir a força de trabalho.A teoria da mais-valia, preconizada por este autor, explica que o operário trabalha de acordo com o valor da sua força de trabalho (se os recursos necessários para produzir a força de trabalho levaram 6 horas a produzir, o operário trabalhará 6 horas); no entanto, o que realmente acontece é que o capitalista paga ao trabalhador o correspondente a 6 horas, mas fá-lo ultrapassar estas horas de labor. É a diferença entre o trabalho efectuado e o necessário para a sua produção, que define a mais-valia ou lucro. Este rendimento reverte, não a favor do operário, mas sim do proprietário da terra, do capitalista financeiro e do capitalista da indústria. Quanto a este lucro, é impossível fixar o seu mínimo, mas o seu máximo será limitado pelo mínimo fisiológico do salário, e o máximo de lucro dado pelo prolongamento da jornada de trabalho (de acordo com o máximo das forças fisiológicas do trabalhador). Entre estas duas determinantes pode haver diversas situações de lucro, de acordo com os conflitos entre capital e trabalho: “o capitalista tentando continuamente baixar os salários até ao seu mínimo fisiológico e prolongar a jornada de trabalho até ao seu máximo fisiológico, enquanto o operário exerce constantemente uma pressão no sentido oposto” (pág. 96).Encontramos subjacente ao pensamento marxista uma abordagem sobre o salário mínimo de subsistência, tendo como estrutura basilar um desemprego crónico, resultante da insistente concorrência entre capitalistas, o que explica porque o autor dá importância ao significado do valor da força de trabalho. Invocam-se, neste âmbito, a(s) teoria(s) do valor, a qual(is) procura(m) explicar vários conceitos fulcrais, como: a medida do valor, a relação entre valores de troca, os mecanismos de criação e repartição do excedente económico e as contradições inerentes ao capitalismo, os critérios de aplicação óptima dos recursos. A diferente ênfase dada a cada um dos aspectos descritos conduz a diferentes abordagens da teoria do valor.Assim como Ricardo, na sua teoria do valor-trabalho, expressa que o preço é deduzido do custo marginal em trabalho, e que existe exploração do trabalhador por parte do capitalista, o paradigma ortodoxo neoclássico defende que a concorrência perfeita, subjacente ao capitalismo, permitiria uma aplicação óptima de recursos, garantindo preços de equilíbrio, Marx, por seu turno, encontrará na teoria do valor-trabalho bases para a interpretação da exploração do trabalhador, mas a sua dificuldade residirá no cálculo dos valores em preços, problema que Samuelson demonstrará mais tarde como umfalso problema.Para Marx, o crescimento do sistema económico, e a consequente acumulação de capital, só será efectivo se os capitalistas em vez de usarem para proveito próprio a totalidade da mais-valia, resultante do processo produtivo (reprodução simples do capital), usarem parte para aplicação em capital constante e variável (reprodução alargada); e em situação análoga o operário fizer uso do seu salário (capital variável) não apenas para consumo.

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