Derrota numa colina africana
(Dr. Adérito Tavares)
Vinte mil guerreiros zulus estavam sentados no fundo do vale, a cerca de 8km do afloramento rochoso de Isandlwana, onde acampavam os soldados do Exército Britânico. Os Zulus de tronco nu, estavam prontos a lutar até á morte para defender a sua terra. Estava-se na manhã de 22 de Janeiro de 1879, e os britânicos tinham invadido a terra dos Zulus 11 dias antes.
Apesar da proximidade do inimigo, os zulus não tinham tenções de atacar, pois a lua não era propícia. Uma patrulha inglesa dirigiu-se á orla do vale, viu o acampamento zulu e disparou alguns tiros. Os guerreiros africanos perceberam então que tinham de reagir imediatamente.
Avançaram então em marcha rápida, empunhando as lanças e escudos. Ao chegar ao acampamento tiveram a certeza da vitória, pois os britânicos não tinham erguido posições defensivas e eram numericamente muito inferiores.
A invasão da Zululândia não fora provocada pelos zulus. Em 1877, os britânicos tinham anexado o Transval, república fundada pelos Boéres, descendentes dos colonos holandeses na África Meridional. Herdaram assim uma guerra existente desde á muito com os zulus por causa da fronteira, e Sir Henry Bartle Frer, alto comissário britânico para a África Meridional, decidiu pôr-lhe um fim com a invasão da pátria Zulu.
Os britânicos enviaram um ultimato a Cetshwayo, o rei dos zulus, a dissolução do exército ou a guerra.
Cetshwayo não queria lutar, mas sem outra hipótese, mobilizou 30 000 guerreiros altamente treinados. O Exército Britânico invadiu o país em três colunas muito dispersas.
A coluna central, formada por cerca de 1750 soldados ingleses e 2850 soldados nativos, montou o acampamento abaixo do contraforte de Isandlwana, a 20 de Janeiro, e apesar dos conselhos dos Boéres, conhecedores da forma de combater dos zulus, para não fortificarem a sua posição, assim o fizeram.
A 22 de Janeiro, Lord Chelmsford, o comandante britânico, partiu acompanhado por um grande contingente a fim de reforçar outro acampamento britânico, ignorando que parte do exército zulu já estava estacionado a curta distância.
No momento do ataque sobre Isandlwana, apenas cerca de 1700 soldados defendiam a posição.
Alguns guerreiros zulus empunhavam azagaias, lanças curtas de ponta afiada, com uma lamina de 45cm e uma haste de 75cm; outros tinham mosquetes, espingardas, bastões de madeira ou machados. Todos usavam num dos braços um escudo de pele de vaca esticada. Em óptima forma física, capazes de percorrer 80km em marcha rápida num só dia, avançavam em várias frentes, cercando completamente os britânicos.
Os “casacas-vermelhas” formaram em frente do acampamento, mas foram vencidos no flanco direito, esgotando as munições.
Começaram a recuar e embora alguns tentassem formar quadrados defensivos, nada resultava. Os zulus seguiam-nos, lutavam corpo a corpo, a vitória foi esmagadora, mas também o único triunfo zulu durante a guerra. Sofreram pesadas baixas em Khambula e Gingindlow, sendo derrotados passados seis meses, a 4 de Julho em Ulundi.
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