Luís de Camões
(Eduardo dos Santos)
Supostamente nasceu em 1525 e morreu em 1580. Sabe-se muito pouco sobre a sua vida, o que documenta bem a situação do seu génio, condenado a um ostracismo involuntário no seio da sociedade do seu tempo.
Não se sabe nem onde nem quando nasceu. Terá falecido a 10 de Junho de 1580, mas do seu registo de óbito não se conhece o paradeiro. Nos livros que restam na Torre do Tombo referentes ás freguesias lisboetas daquele data não está.
Estranho é, a menos que tivesse Camões sido uma das vitimas da peste de 1579, quando centenas de mortos escaparam aos zelosos curas escribas dos livros paroquianos.
Foi sepultado, no carneiro da Igreja da Sant’Anna, mas, já quando lhe foi posta a pedra do epitáfio sobre os ossos, não era grande a segurança sobre a respectiva identificação. E serão do Poeta os que estão nos Jerónimos, por obra e graça da prestimosa comissão “ad hoc” do 3º centenário da sua morte? Este acontecimento representou a primeira grande homenagem nacional ao Poeta.
De registos válidos, sabe-se que o seu pai foi Simão Vaz e sua mãe Ana de Sá ou Ana de Macedo, mulher nobre de Santarém. Presume-se que tenha feito apurados estudos, pela sólida cultura que a sua obra revela, mas o seu nome não consta dos livros de registro de matrículas da Universidade de Coimbra, cidade que bem conheceu e frequentou. Nesta cidade foi figura importante, o chanceler Bento de Camões, seu familiar. Os traços da passagem do Poeta por Coimbra parecem, porém, ter sido apagados um a um, por um dedo misterioso.
A sua origem social também é controversa. Há quem lhe queira atribuir um estado de nobreza que é incompatível com o que da sua vida se sabe ou presume.
Como escudeiro em Ceuta, perdeu o olho direito em combate. Um acontecimento no dia do Corpo de Deus de 1552, em que feriu Gonçalo Borges numa escaramuça no Rossio, levou-o á cadeia do Tronco, reservada aos presos de baixa extracção, de onde sai perdoado pelo queixoso. Obtido o perdão real vai para a Índia servir como soldado.
De Goa sai em expedição por mar, como por exemplo ao estreito de Meca, onde teve origem a canção “Junto dum seco, fero, estéril monte” de 1555. Os seus “Disparates da Índia” em que satiriza alguns poderosos da cidade, vão fazê-lo alvo de iras e vinganças.
O governador Francisco Barreto desterrou-o para a China por ser indesejável.
Julga-se ter estado em Macau como provedor dos defuntos e ausentes. Sofre um naufrágio na Foz do Mecom.
De novo em Goa em 1561, D. Constantino de Bragança, dispensou-lhe protecção, facto que não o impediu de ser preso, acusado de dívidas.
Tem relações de amizade com Garcia da Horta e com Pêro de Magalhães de Gândavo, para a publicação de cujas obras pediu a protecção do Conde de Redondo e de D. Leonis Pereira.
Em 1567 está em Moçambique, levado pelo capitão Pêro Barreto que não lhe perdoa o dinheiro da viagem e o mantém preso.
A frase de Diogo Couto que refere como ele viveu taão pobre que “comia de amigos” é dessa data.
São esses amigos que o subsidiam na sua viagem de regresso á metrópole onde terá chegado em 7 de Abril de 1570, no rescaldo da peste de 1569.
Só se volta a ter notícias do Poeta, quando D. Sebastião lhe concede em Julho de 1572, privilégio para a publicação d’Os Lusíadas e lhe outorga uma tença de 15 000 réis, com a qual irá viver até ao fim dos seus dias, e que sua mãe irá receber após a sua morte.
Camões é uma lenda e um símbolo.
A tradição foi-lhe traçando o perfil sublime pois, ele, que tanto escreveu a Pátria, que tão bem cantou, foi, no decurso dos séculos, bandeira de unificação e libertação nacional.
O seu “Parnaso Lusitano” tinha-lhe sido roubado em Moçambique, aparecendo 15 anos após a sua morte.
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