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Muros físicos e Cultura Hegemónica
(Dolores Juliano)

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A cultura hegemónica inclui tanto funções instrumentais (permitir um controle efectivo do mundo) como ideológicas (legitimar as assimetrias sociais em que se apoia o dito controle). O conceito encerra características de objectividade – é comprovável e passível de utilização por parte dos diversos sectores sociais – e ao mesmo tempo de subjectividade – válida desde uma perspectiva particular e errónea ou enviesada vista segundo outras posições.Nas sociedades estratificadas o controle sobre as condutas dos indivíduos exerce-se segundo dois ângulos claramente determinados: o poder coercivo institucionalizado em sistemas normativos e punitivos explícitos; e a pressão ideológica desenvolvida mediante mecanismos informais, que podem incluir aprovação ou rejeição, prestígio ou estigmatização; estes controles informais são em grande medida o reflexo da hegemonia dos grupos dominantes e condensam-se nas elaborações de sentido comum. Estamos perante elementos absorvidos, não gerados pelos grupos populares, que carecem de elaboração sistemática e de coerência interna. Ambas as características opõem o sentido comum à cultura popular, que se caracterizaria por gerar endogenamente os seus conteúdos e por construir uma intenção nem sempre conseguida, mas perceptível, de dotar de coerência estes conteúdos. Nas sociedades estratificadas, os sectores dominantes geram e utilizam na sua prática hegemónica ideologias elaboradas; os sectores subordinados vêem-se impedidos de gerar os seus próprios sistemas explicativos e pressionados a aceitar no seu lugar a elaboração das classes dominantes.Os muros tentam impor uma ordem, fazendo emergir estratégias de organização política, ideológica e social. O Muro de Berlim era símbolo não só da divisão da capital alemã em oriental (comunista) e ocidental (capitalista), mas também da separação do mundo em dois blocos de poder. Além de dividir a cidade de Berlim, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: Berlim Ocidental (RFA), constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos da América, e Berlim Oriental (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético. A separação entre Melilla e Marrocos é uma tentativa de travar a entrada de imigrantes africanos àquela cidade autónoma espanhola; os “transgressores” são fortemente reprimidos por desacato à ordem, assistindo-se frequentemente a abuso de poder e violação dos direitos humanos. A separação traduz uma “necessidade” de manter o fosso que separa países desenvolvidos e países em vias de desenvolvimento; deste modo, considera-se delito a tentativa de passagem e pune-se de forma explícita aqueles tentam passar a fronteira.A ameaça à ordem estabelecida, incluindo os conhecimentos nos quais se apoia e legitima, não advém dos beneficiários dessa ordem, mas daqueles que sofrem de discriminação e desvalorização. A sociedade lentifica a inovação, mantendo à sua margem grupos com menos voz ou marginalizados (países de terceiro mundo, minorias étnicas, etc.). No entanto, são os sectores mais desvalorizados socialmente aqueles que são os mais activos geradores de mudança social, mesmo que não o façam com uma vontade explícita. Uma sociedade nova apoia-se em novos actores sociais que pressionem para remodelar as relações existentes.Nos casos referidos, os sectores marginalizados (aqueles a quem se barra a passagem) têm um impulso criador, ainda que à custa do ostracismo e da punição. São os que tentaram passar o muro por estar em desacordo com o regime que lhes haviam imposto e os que procuram uma vida melhor, os que até agora viram violados os seus direitos; a situação pouco a pouco vai desencadeando protestos e movimentos sociais, denúncias de abusos e discriminação, incentivando a mudança.



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