BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Cuidado, Escola !
(Babette Harper; entre outros. Apresentado por Paulo Freire)

Publicidade
  
 
        O livro faz uma  crítica contundente, porém sem ser fatalítica, à instituição escolar como um todo e particularmente à escola brasileira. Esta crítica é feita de uma maneira muito criativa, que facilita bastante a compreensão e ajuda a manter a atenção do leitor. A parte escrita é disponibilizada de forma parecida às estórias em quadrinhos, além de desenhos bem feitos e pertinentes ao assunto.
        Os autores iniciam expondo as indagações, preocupações e cobranças dos pais em relação ao baixo desempenho dos filhos. Defendem que não adianta uma escola que só é eficaz para uma pequena parcela de estudantes, sem que esta consiga de fato promover a grande maioria dos alunos, estando estes fadados  muita das vezes ao fracasso escolar. 
        O livro relativiza a importância da educação formal, cita inclusive as sociedades primitivas onde havia aprendizado sem a existência da escola como instituição. Em tribos os ensinamentos da caça, da pesca e do cultivo da terra, por exemplo, eram passados de pais para filhos ou dos membros mais velhos para os mais novos.
        As críticas à instituição escolar são várias: escolas públicas e particulares com funções bem específicas, desrespeito à individualidade do aluno, ensino dissociado da realidade, fomento ao caráter competitivo nas relações entre os estudantes, conteúdos trabalhados de forma segmentada e não integrada, professores com domínio apenas do conteúdo específico de suas áreas, mas sem uma boa base sócio-educacional, etc.
        Embora os autores não entrem diretamente na comparação entre ensino público e particular, eles colocam que estas instituições possuem papéis bem definidos: com raras exceções, as escolas públicas responsabilizam-se pela formação dos trabalhadores da base e camada média da pirâmide social, enquanto as escolas particulares encarregam-se dos extratos médio superior e das classes dirigentes.
        Preocupam-se também com o caráter excessivamente homogêneo com o qual os alunos são vistos. Como se todos se chamassem “Maria” ou “José”, isto é, sem levar em consideração as diferenças, desejos, potencialidades e limitações de cada estudante.
        Colocam do mesmo modo que a escola não deve ser vista como algo dissociado da realidade, como se estivesse em uma redoma de vidro. A instituição escolar espelha esta realidade, mas pode igualmente intervir favoravelmente na mesma.
        Os autores contestam da mesma maneira o demasiado caráter competitivo das avaliações. Provas e trabalhos individuais que só acirram o individualismo, em detrimento dos trabalhos e avaliações em duplas, trios,..., que fomentariam  a solidariedade entre os estudantes.
        Criticam também a ausência de um trabalho interdisciplinar no dia a dia da maioria das escolas, que fariam do estudo algo com um maior significado para os alunos. Estas continuam a trabalhar os conteúdos das diversas disciplinas de forma segmentada e não inter relacionada.
        Os autores igualmente opõem-se a postura de alguns professores que se colocam apenas como transmissores do conteúdo específico das próprias disciplinas, sem a preocupação de serem educadores do mesmo modo, onde poderiam orientar os alunos na construção dos próprios valores e no  melhor entendimento de seus direitos e deveres. 
        O livro  ganha ainda uma importância maior, pelo fato dos autores não se limitarem a apontar os problemas somente, fazem também sugestões de maneira a enfrentar esta difícil realidade educacional brasileira. 
        Quanto às sugestões, os autores às fazem em número de cinco: a primeira baseia-se na capacidade criativa dos alunos, onde a escola deve proporcionar espaços para a inventividade destes, de maneira que eles se interessem mais pelo cotidiano escolar. A segunda sugestão está direcionada à um maior entendimento por parte da escola da realidade afetivo e social dos alunos, levando a uma modificação e adaptação do programa de estudos sempre que necessário. A terceira prioriza uma relação professor / aluno mais horizontal, onde o diálogo deve ser o melhor instrumento para o desenvolvimento de uma educação de qualidade. A quarta sugestão preconiza a construção de um ambiente mais cooperativo para o aprendizado, formando um grupo de alunos mais solidário. A quinta e última sugestão diz respeito a um ambiente de maior liberdade para os alunos, de maneira que eles tenham experiências de autogestão de programas, atividades e métodos, fortalecendo a autonomia dos mesmos. 
        Por todo o exposto, recomendo a leitura de “Cuidado, Escola!”, não somente para aqueles ligados, por força do trabalho ao ambiente educacional, mas para todos que acreditem que a educação de boa qualidade possa dar uma indispensável contribuição na construção de uma sociedade mais justa e melhor para todos.  

 



Resumos Relacionados


- A Escola Pública Como Local De Trabalho

- Entre Os Muros Da Escola

- Gerenciando A Escola Eficaz

- Sociedade Sem Escolas

- Inclusão Escolar - O Que É? Por Quê? Como Fazer?



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia