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O Meu Aniversario
(Frei Francisco da simplicidade)

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Da corola, de minha vida, quantas petalas já não cairam murchas ao sopro fatal do tempo inexorável ! Ah! Eugênia, quantos sonhos não se amortalham numa pobre pétala que cai! Nesta que a pouco, para sempre tombou no pó amargo de uma estrada, que jamais palmilharei, foram-se-me  as ultimas fantasias da vida, as derradeiras ilusões de uma juventude morta. Mais uma ruga no sulcado pergaminio do meu rosto; mais um "requiem" no campo santo interior de minhas maguas. Sinto mais trêmula a destra que já brandiu espadas e desfolhou rosas aos pés de mulheres inequeciveis, que se ergueram em brindes elegantissimos e que, hoje, pode úmicamente com o peso amável desta pena que te escreve ou energias só tem ainda para chegar aos lábios morimbundos a cruz por quem louco me fiz e frade me enclasurei. É uma grande flor da vida, corola que o sôpro irreparavél do tempo vai despetalando cruelmente. Quantas me restarão ainda por cair? Eu sinto já os espinhos que a ausência das folhas foi deixando aguçados, dolorosos, nessa augustia de quem muito sonhou, de quem muita paixão nutriu e de tudo ficou apenas com a amargura dos desenganos e das decepções. Oh! que comovida felicidade me trouxeram os telegramas, as felicitações,os presentes que tantos anônimos enviaram nesse dia infeliz do meu natal! Não imaginas, Eugênia, o consolo que a nós, velhos entrestecidos sonhadores, trazem essas espontâneas demostrações de um ignorado amor... Como quis beijar tôdas essas mãos piedosasas que atiraram, no caminho doloroso do meu destino, essas flores que me vieram amaciar o áspero e ingrato intinerario do túmulo! Um breve, Eugênia, ou talvez, uma, houve, porque não sei se foi homem ou mulher, que me enviou um tinteiro todo cheio de luz e de perfume. Como me comoveu a dedicatória delicada: "A Frei  Francisco da Simplicidade, pelas consolações que me tem dado". Pode haver consolação maior do que servir de consôlo a alguem! Eu Eugênia, que jamais encontrei na vida um coração semelhante ao meu, que fosse capaz de curva-se sôbre a minha dor, que pudesse, decifrar a angustia de meus dias, o enigma de meu olhar. Hei de encher de carinhos êsse tinteiro anônimo, hei de nêle estilar o meu coração, o meu amor, para que nunca a minha pena escreva uma palavra amarga, um pensamento de revolta, uma idéia sem resignação, mas, ao contrario, todo se transforme num alforge de bençães, de consolações. Assim, quando a  última pétalada minha vida cair fanada e morta, sobre o meu sepulcro de monge, que, antes de cingir a estame-lha, dedilhou a lira e a espada brandiu em torneios de galanteria e de valor, profussas tombarão as bênçãos e as saudades de todas essas, que o nosso romance deliciou e fêz sonhar. Dentre as flôres dêsse tumulo, dentre as saudades e as lágrimas que sôbre ele projetaram os infelizes do amor, tu, milnha querida Eugênia, te erguerás imortalizada pelo martirio sem igual,pela minha desventura sôbre-humana, duplamente infeliz - por ter sido a de um monge e de um cantor. E na cinza e no pó, bendirei a Deus que assim me fêzdesgraçadopor causa de teu divino amor.



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