Transtorno Bipolar ou Doença Maníaco-Depressiva
(Eduard Vieta)
O transtorno bipolar ou doença maníaco-depressiva classifica-se nos Transtornos de Estado de Ânimo. Apresenta três subtipos, os quais de curso crónico, com recaídas e remissões: tipo I, tipo II e ciclotimia. O diagnóstico é clínico e fundamenta-se na presença actual ou passada de um episódio maníaco ou hipomaníaco. Os sintomas apresentados pelos pacientes (ajustados a cada fase) referem-se a alterações no aspecto externo, estado de ânimo, afectividade, atenção, curso e conteúdo do pensamento, sensopercepção, psicomotricidade, condutas, funções neuropsicológicas e psicofisiológicas. O mais comum na mania é que o paciente não esteja consciente da enfermidade. Está demonstrado que os factores genéticos têm um papel fundamental na etiopatogenia do transtorno bipolar. No entanto, as investigações sobre os mecanismos de transmissão da doença não são conclusivas. Os factores biológicos implicados na fisiopatologia e curso da enfermidade são, entre outros, neurotransmissores e neuromoduladores, neuropéptidos, hormonas, iões, alterações no padrão clínico e electrocefalográfico do sono. No tratamento do transtorno bipolar podem distinguir-se duas “fases” fundamentais: aguda (maníaca, hipomaníaca, depressiva ou mista) e de manutenção. Saliente-se a importância de um correcto diagnóstico. Na mania, o lítio é o tratamento de eleição, mas pelo facto de ser de acção lenta é necessário acrescentar, pelo menos durante as duas primeiras semanas, fármacos anti-psicóticos em doses baixas ou moderadas e durante o menor tempo possível; as atitudes do terapeuta devem proporcionar ao doente elementos de segurança externa (persistência, firmeza, empatia). Na hipomania, o tratamento ideal são os eutimizantes (lítio), podendo, em certas situações, administrar-se anti-psicóticos, a doses moderadas, por sua rapidez de acção. Na depressão bipolar deve evitar-se tanto cair no sobretratamento de depressões leves como no uso restringido de anti-depressivos, com vista evitar viragens. Nos estados mistos, o tratamento deve ser similar ao da mania e os doentes devem ser tratados em hospitais pelo elevado risco de autólise. Ainda que o uso do lítio não deva ser desprezado, o tratamento mais eficaz são os eutimizantes; os antipsicóticos em doses não muito elevadas poderão resultar. O tratamento preventivo é fundamental, pois o transtorno bipolar caracteriza-se como recidivante. O lítio é o tratamento de manutenção mais eficaz para os transtorno bipolar tipo I e II. Em pacientes com muitas recaídas ou em cicladores rápidos pode administrar-se carbamacepina ou ácido valpróico associados ou não ao carbonato de lítio. No tratamento de cicladores rápidos, que tem como principal objectivo mitigar a intensidade dos sintomas, a levotiroxina é o eutimizante proposto como mais eficaz. As precauções devem ser acrescidas na gravidez. A apresentação clínica da doença, suas causas genéticas e biológicas levam a que o tratamento seja fundamentalmente farmacológico, mas nos últimos anos o modelo psico-educativo tem-se vindo a impor como complementar. Tem como propósitos primordiais melhorar o cumprimento da medicação, facilitar a identificação precoce dos sintomas de recaída e dotar os pacientes e seus familiares de habilidades no manejo da doença, minimizando as sequelas psicossociais desta.
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