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O Labirinto do Fauno
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Espanha, 1944. Em plena Segunda Guerra Mundial, e intensificação da violência do regime ditatorial do General Francisco Franco, Ofélia, uma menina sonhadora e leitora assídua de livro de conto-de-fadas, e sua mãe, Carmem, que sustenta uma gravidez de risco, chegam a casa de campo do capitão Vidal, padrasto de Ofélia e pai do filho que Carmem espera. A pequena garota sonha com fadas e um mundo mágico, enquanto seu padrasto, homem bruto e oficial facínora, combate insurgentes que se escondem na floresta e cavernas da região. A governanta, Mercedes, tem um irmão na resistência, a qual é ajudada também pelo médico que frequenta a residência do capitão.
Em “O Labirinto do Fauno”, obra de Guillermo Del Toro de 2006, transcorre duas histórias paralelas: a da guerra com suas cenas chocantes proporcionadas por um comandante sanguinário que representa um poder alicerçado pela violência e pelo controle rígido do alimento que passa a ser racionado, e a fábula vivida por Ofélia que encontra um labirinto onde vive um fauno que a saúda como soberana de um reino mágico; porém ela terá que passar por três desafios: o primeiro consiste em retirar do estômago de um enorme sapo, que vive em uma árvore seca, uma chave; chave esta que a conduzirá ao segundo desafio, a apropriação de uma caixa que está no mundo de um ser estranho cujos olhos ficam nas palmas das mãos. O detalhe é que Ofélia deve resistir a tentação de comer qualquer um dos manjares que compõem o banquete que a desfigurada figura branca vigia; o terceiro e último desafio é o sacrifício de sangue de um inocente para que o portal que dá acesso ao reino mágico seja aberto antes do fim da lua cheia, tempo em que todas as conjugações astrais permitirão o aparecimento do portal. Neste instante, a guerra, ou um dos seus efeitos (a morte imaginada como necessária – assassinato no invólucro de sacrifício) invade sua história.
Enquanto Ofélia vive sua aventura, o cotidiano torna-se cada vez mais lúgubre e atroz. A batalha entre os dissidentes e as forças do capital Vidal se espalhará por todas as partes do lugar, do galpão até a fonte onde se encontrarão Ofélia, o fauno e o capitão Vidal em atos que acabarão em crueldade e heroísmo; sentimentos que constituem a engrenagem da guerra: o ápice da insensibilidade.
Del Toro, neta fascinante película, faz correr duas linhas distintas que se tocarão de forma bárbara. A fantasia infantil cria quimeras que ajudam em um local hostil a suportar as mudanças repentinas e as perdas irremediáveis. A realidade que carrega uma guerra (e uma ditadura), é um local de medo, pânico e violência gratuita. O universo que Ofélia engendra serve como couraça para o incompreensível e a não-aceitação. Ofélia por não poder decidir o destino de sua vida encontra nos livros o refúgio que sua mãe viúva pensa conquistar na proteção do capitão Vidal. Porém, o militar somente pensa em estratégias para sufocar a resistência dos camponeses e no filho que nascerá e perpetuará seus genes. A ilusão infantil que inventa personagens, motivos e cenários reflete assim como repele, a aspiração de grandeza dos seres humanos ocupantes do poder.
“O Labirinto do Fauno” percorre o tênue caminho que equilibra coragem e ações impulsivas (Mercedes, que de mulher considerada fraca, espiona para os guerrilheiros e se mostra capaz de defender um ser inocente, Ofélia, e atentar contra a vida de Vidal). O longa mexicano irradia a sensação de um encômio a fábula que nos torna mais humanos, que planta uma semente de sensibilidade em um mundo que gera atrocidades agudas: a razão instrumental é confrontada pela pureza da imaginação de uma infante. Mas a realidade se apresenta como apanágio dos conflitos pelo poder travados entre os homens. Justo nesse terreno, quando a violência se mostra pujante, é que a fantasia tem o miraculoso efeito de confortar, libertar e se tornar redentora. Infelizmente a carga de perigos e potencial de tragédias acumuladas numa guerra são majoritários diante do fascínio de um envolvente mundo de maravilhas dos contos-de-fadas. 



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