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Era MORENA E FRAGIL
(Frei Francisco da Simplicidade)

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A luz sempre foi a minha adoração maiore tanto me inspiravam os dias cálidos,quanto me inutilizavam as horas do inverno. Moço, ao contacto do sol, nesta incidência dos tropicos, em que nascemos, acordava com o sangue em festa, o olhar em centelhas e todo o universo a fosforejar dentro do célebro. Era a época dos meus mais ardentes amores, quadra em que, em cada rua, duzentos olhos punham halos de luz ao meu redor, estação em que o meu desejo era fogo e o meu olhar despedia dardos inflamados, a incendiar outros olhares. A tudo destruia a erupção do meu amor e, porque era tuto flama, duravam êsses amores muito menos do que o ar persiste o reflexo de um clarão. Tôdas aquelas que já tinham experimentado a transitoriedade das minhas explosões amorosas, magoavam-se, mas,de tão habituadas que já eram, perdoavam tudo e eu as esquecia. Uma houve,porem, que muito sofreu,porque muito me amara e, talvez, ainda hoje maldiga em que me conheceu. E para faltar com a verdade? Também eu a maldigo. Porque ainda sinto na frieza do meu coração silencioso, a saudade de sua voz, asaudade do seu amor. Era morena e fragil, de uns olhos lánguidos e insondáveis. Guardu-os na memoria e, neste mesmo instante em que te escrevo,êles iluminam a treva deste claustro, negros elanguidos,profundos e quase recriminadores, Eugenia, a mocidade comete erros que a velhice, depois expla criciantemente; o meu silencio de cenobita, esta solidão que a todos atrai cheia de paz e de consolos, povoa-se dos espectros, dos fantasmas da minha juventude, abatendo-me aos pés deles, como um Rei vencido ásplantas de trono que já foi seu. Ainda bem que os crimes dos meus anos de moço foram todos por amor, pélo donaire de um sorriso,pela graça deum olhar. Era morena e fragil e por vezes tive a impressão mimosa de poder encerra-la nas minhas mãos, como quem ocultasse nelas uma joia qualquer, ou um passaro delicado e fragil.Foi realmente joia que nasceu para adornar o relicario da minha lembrança... Ave de que meficou a cantar na tristeza profunda da minha saudade. Ah! Eugênia, se eu pudesse, alquimista medieval, ressuscitar na minha lembrança essa joia que perdi! Se eu pudesse acordar da minha saudade essa ave que de mim se partiu para o degredo fatal de algum outro possuidor! Minha gárrula criança, depois queleres esta carta, escrita, quando mais me afoga a estação, sai pela tua cidade e demoradamente vai ficando o olhar negro das mulheres que encontrares . É possivel que num dêsses me vejas tu a chorar- foi assim que ela me viu pela ultima vez. Sim, eu chorei aos aos pés dessa mulher e fitando-a através da névoa dopranto refletir-me eternamente, assim,a chorar. Era morena e fragil, ave ou joia, enfim, mulher: joia que me ficou no escrinio da lembrança a esplendor; ave que me canta na alma cheia de saudade, a me cruciar, Eugênia, minhas cãs pedem-te perdão por haver,quem sabe,trazido escândalo a tua alma,comestas narrativas... Mas quem não perdoará aos que pecaram por amor?



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