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A Mulher Pintada
(Françoise Sagan)

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A escritora francesa Françoise Sagan cria no espaço pomposo de um navio, Narcissus, que anualmente parte em um cruzeiro pelo Mediterrâneo, uma atmosfera que permite esquadrinhar figuras da alta burguesia: milionários, como o homem da maior companhia açucareira da França, Armand Bautet-Lebrêche e sua esposa Edma; Eric Lethuillier, dono de um jornal e sua cônjuge Clarice, herdeira da riqueza dos Baron. No navio também embarcam Julien Peyrat, jogador de pôquer e falsário, Andréas Fayard, um gigolô e o produtor, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Simon Béjard com uma starlet Olga Lamouroux. Todos partem em um cruzeiro musical de nove dias onde ouvirão o maestro e pianista Hans-Helmet Kreuze e a diva da ópera Doria Doriacci. Os passageiros são recepcionados pelo sisudo capitão Ellédocq e pelo assistente prestativo e homossexual Charley Bollinger. O ambiente luxuoso e de paisagens deslumbrantes aos poucos  ganha ares de frivolidades, tensões, traições e artimanhas. A mulher pintada do título é Clarisse Lethuillier, uma pessoa infeliz que procura se esconder por trás de uma maquiagem grotesca (como se fosse uma máscara) e que busca no álcool um refúgio para sua visa apática e frustrada. Eric, o marido, não a respeita, a inferioriza constantemente e a mantém em estado de melancolia contumaz. Contudo no Narcissus a vida de Clarice mudará. O interesse amoroso que ela desperta em Julien Peyrat injetará ânimo e vigor na existência letárgica de Clarisse e a limpidez do rosto, outrora excessivamente maquiado, é símbolo da transformação. Julien trapaceiro e vendedor de obras de arte falsificados, como um dos quadros que tenta negociar durante o cruzeiro, provará para Clarisse que amar é algo possível onde reinam a estima e o desejo. Todas as outras personagens desfilam pelos mais distintos caracteres psicológicos; Edma Bautet-Lebrêche é uma mulher elegante, perspicaz e atenta aos eventos que se sucedem no Narcissus, junto com o comissário de bordo Charley Bollinger, se responsabiliza pelos festejos e expansão de alegria entre os passageiros. Charley, por sua vez,  apaixona-se pelo jovem gigolô Andréas que não corresponde o sentimento. Andréas fica fascinado e crê no amor após se relacionar sexualmente com a diva Doriacci, esta que  é uma mulher madura com seus sessenta anos, independente e que adora cultivar amantes em cada local em que se apresenta. Simon Béjard, produtor de sucesso, promete à jovem e ambiciosa Olga, um papel de substância em seu próximo filme. Porém, a atriz se interessa fisicamente por Eric Lethuillier, a quem considera superior intelectualmente e como homem a Simon e procura demonstrar esse sentimento. Olga é frívola, frígida e manipuladora, faz Simon sofrer, ao mesmo tempo que consegue a atenção e posterior repulsa de Eric, de quem procurará vingar a rejeição. Armand Bautet-Lebrêche é  um homem feroz, imaginativo apenas em situações financeiras. O capitão Elledocq pensa somente em terminar seguindo o itinerário e o programa dos recitais; rabugento e sistemático não tolera o painel burguês de hipocrisia e jogos amorosos que o grupo exibe sem pudores. O mestro Kreuze é um artista, mas sem grandes arroubos de paixão ou sensibilidade, é, na verdade, um pouco amargo e ressentido.
Françoise Sagan detalha cada personagem em suas aspirações, infelicidades e desejos, engendra um caleidoscópio da riqueza obtusa e do afã de ascensão social obstinado. Com senso de humor e pincelas de melancolia as figuras que embarcam no Narcissus se relacionam gerando atrações físicas, decepções e rejeições amorosas, ódios e animosidades latentes, que a fleuma dos bem-pensantes que se alcunham de melômanos (deleitantes da música) sufocam por um tempo, até a explosão na qual a fúria, a ironia, e às vezes, a fragilidade tornam-se ingredientes que preencherão os choques das diferenças entre os sentimentos, os sexos e as classes sociais.
“A Mulher Pintada”, obra de 1981, é um trabalho refinado de Françoise Sagan. Contando uma história de amor entre duas pessoas que precisavam ser urgentemente arrebatadas por um sentimento ínclito, a escritora faz um panorama das ambições e da futilidade de um meio social permissivo feito de achaques e redenções. Muitas das personagens incapazes de amar a música incondicionalmente se rendem as tramas de paixão e especulação da vida dos outros. É o retrato da alta burguesia que ama em demasia os seus extratos bancários sendo insensíveis à fruição artística. Um ambiente no qual a música deveria entorpecer, libertar e alçar voos numa realidade repleta de atos e efeitos que cumulam a consciência.



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