Salazar - Parte I
(Adérito Tavares)
Nascido a 28.4.1889 no Vimieiro em Santa Comba Dão, morreu a 27.7.1970 em Lisboa.
Era filho de pequenos agricultores de recursos modestos, fez o exame de instrução primária em 1899, entrando para o seminário em Viseu para seguir a vida eclesiástica.
Abandonou essa intenção após oito anos de estudos, indo exercer funções de professor no Colégio da Via Sacra, do Cónego Barreiros.
Em 1910 vai para a Faculdade de Direito de Coimbra, no mesmo mês em que a República é implantada em Lisboa.
A formação católica de Salazar choca-se com o ideário anticlerical e positivismo reinante na Universidade e que no inicio de 1911 dá azo ao assalto ao Centro Académico da Democracia Cristã (CADC), cuja sede foi destruída.
Salazar participa então activamente na reorganização do CADC e virá a fazer parte da direcção eleita em 1912 como 1º secretário.
Em 1914, termina o curso com alta classificação, em 1917 é assistente e no ano seguinte ascendente á cátedra.
Dois anos mais tarde é afastado das suas funções docentes na Faculdade de Direito, em conjunto com mais 4 professores, sob a acusação de implicação nos acontecimentos conhecidos por Monarquia do Norte e Revolta do Monsanto e ainda por alegada difusão de propaganda monárquica. Publica então o folheto “A minha resposta”, refutando as acusações, sendo ilibado poucas semanas depois e regressando á actividade.
Em 1921 é eleito deputado pelo circulo de Guimarães, nas listas do Centro Católico, do qual era dirigente, sendo uma experiência de curta duração.
Em 1925 é de novo candidato mas pelo circulo de Arganil, não sendo eleito.
Em 28 de Maio de 1926, realiza-se um “putsch” militar que congrega forças heterogéneas, digladiando-se as várias facções participantes na luta pelo poder. Salazar, conhecido pelos artigos sobre economia publicados no “Novidades”, é convidado a participar no 2º Governo saído do 28 de Maio, presidido por Mendes Cabeçadas, ficando com a pasta das finanças por treze dias.
Em 17 de Junho de 1926, terminava a sua primeira experiência governativa, devido ao golpe de Estado palaciano de Gomes da Costa. Em 9 de Julho, um novo golpe de Estado conduzido por Sinel de Cordes, afasta Gomes da Costa que é exilado nos Açores, e Oscar Carmona passa a presidir o Governo.
A pasta das finanças tem sucessivos titulares. A gestão militar mostrou-se catastrófica. De uma situação financeira equilibrada anterior ao “putsch” passasse para um défice de 700 000 contos. Fracassada uma tentativa de concessão de um empréstimo a Portugal, Salazar é de novo convidado a integrar o Governo, presidido por José Vicente de Freitas, sendo nomeado a 26 de Abril de 1928.
No acto da posse declara:”Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses.”
As condições impostas por ele são aceites pelo Governo: fixação das dotações orçamentais dos ministérios e exame de todas as iniciativas implicando receitas e despesas.
Salazar consegue assim coordenar todos os ministérios através das Finanças.
As sucessivas remodelações conduzem os governos mais para a direita e o Estado Novo começa lentamente a tomar forma no inicio da década de 30.
Salazar assume a presidência do Conselho de Ministro em 1932 e daqui em diante a sua acção politica confunde-se com o regime, com uma edificação inseparável do
pensamento politico de Salazar.
Essa edificação realiza-se com a criação da União Nacional em 1932 e com a Constituição, o Estatuto do Trabalho Nacional e os Sindicatos Nacionais, em 1933, bem como a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE).
Proibidas as oposições, o regime passará a ser apoiado pelo partido único. Os irredutíveis nacionais-sindicalistas desaparecem em definitivo depois da falhada tentativa revolucionária de 1935, tendo-se os seus dirigentes exilado.
Os modelos totalitários continuam a enformar o Estado Novo, sendo criadas a Mocidade Portuguesa em 1936 e a Legião Portuguesa em 1937.
Em 1936, Salazar preside ao Conselho de Ministros e detém também as pastas das Finanças, da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, centralizando em si a mais significativa parcela do poder do Estado.
Abandona as Finanças em 1940, a Guerra em 1944 e os Negócios Estrangeiros em 1947.
Em Julho de 1937, escapa ileso ao único atentado bombista de que foi vitima, levado a cabo por militares anarquistas.
Durante a guerra de 1939-1945 regista-se uma certa acalmia politica, a par de um acentuado crescimento económico, perturbado no final do período pelo movimento grevista de 1942, 1943 e 1944.
O fim da guerra veio abalar profundamente o regime, pois a oposição julga ter chegado o momento da viragem politica devido á vitória dos democratas.
Salazar pensa também ter chegado o momento final.
A oposição, organizada no Movimento da Unidade Antifascista (MUNAF), formado em Janeiro de 1944, cria no ano seguinte o Movimento de Unidade Democrática (MUD).
O regime é obrigado a reconhecer uma oposição semilegal e activa, atravessando a sua primeira crise. Afastada a oposição das eleições legislativas de 1945, o regime retoma a ofensiva diplomática. A sua politica de neutralidade durante a II Guerra Mundial e a concessão de facilidades aos aliados ingleses no arquipélago dos Açores, garantem-lhe a passividade das democracias.
As eleições presidenciais de 1949, saldam-se pela vitória de Carmona, depois da desistência á boca das urnas de Norton de Matos.
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