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Fome e desnutrição energetico proteico
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O trabalho de Josué de Castro foi acompanhado por outros, destacando-se os estudos realizados em São Paulo, ainda na década de 30, que tinham por objetivo investigar os gastos com alimentação em 460 famílias de um bairro da capital paulista e avaliar, a partir destes dados, as condições de acesso à alimentação.
            O esforço dos nutrólogos de então, construindo a Ciência da Nutrição em bases nacionais e trazendo explicações científicas para problemas referidos à qualidade de vida de setores da população brasileira, que já eram identificados desde décadas anteriores, tinha o objetivo claro de sensibilizar o Estado para a implementação de medidas políticas na área.
            Desde então, pode ser observada a trajetória do problema, suas formas de investigação/explicação e as estratégias de intervenção que lhes são consequentes.
            É possível reconhecer neste processo o momento biológico, referido ao estudo da desnutrição enquanto estado fisiológico anormal causado pela carência de um ou mais nutrientes. Ignorância e maus hábitos alimentares aparecem como causas e o problema é colocado no âmbito da qualidade da dieta, assim como da distribuição intra-familiar de alimentos e excessivo número de filhos.
            Desta forma avalia-se "a pobreza e a desnutrição como sendo o preço a ser pago pelo crescimento rápido, o que condizia com a concepção de que seria necessário um aumento da produtividade para em seguida cogitar-se da distribuição de benefícios" Posteriormente, houve o avanço no sentido dos estudos ecológicos de natureza multicausal, passando-se a associar fatores biológicos (referentes ao hospedeiro), fatores ambientais e fatores sociais na explicação do problema. "A preocupação, na época, com a identificação das relações entre variáveis ou os conjuntos de variáveis sociais e a ocorrência da desnutrição, em referenciá-las à própria organização social - sobre a qual, concretamente, se assentaria a configuração da pobreza – trazia implícita, por assim dizer, a consideração do corpo como se fosse 'uma máquina de características universais', desvinculado da existência social ao mesmo tempo que, o social, se descaracterizava como tal, na medida em que, ao ser naturalizado, tornava-se a histórico e desvinculado do dimensionamento do(sic) mecanismos histórico-estruturais, subjacentes á origem e á natureza da configuração da pobreza".
             A partir da década de 80, com o crescimento teórico e metodológico da epidemiologia social na América Latina, também os estudos sobre os problemas nutricionais ganham novas dimensões e buscam novos referenciais, em especial nas Ciências Sociais.
            Os nutrólogos contemporâneos de Josué de Castro entendiam os problema da desnutrição sob dois ângulos complementares. Tornava-se necessário racionalizar a oferta de alimentos, via medidas que promovessem uma melhor adequação dos mecanismos de produção e comercialização, como também desenvolver amplos programas educativos em nutrição com vistas a elevar o grau de informação da população sobre os requisitos de uma alimentação saudável.
            O SAPS atuou também na área de abastecimento alimentar, provendo gêneros da cesta
básica aos trabalhadores ao preço de custo, acrescido de 10%, a título de taxa de administração. Avançou, até pela necessidade de contar com pessoal para executar tão múltiplas tarefas, na formação de recursos humanos na área da alimentação e nutrição, sendo o responsável pela formação da primeira turma de Nutricionistas no Brasil, em 1943 (Santos, 1989).
            O estudo da década de 40 revela ainda a criação de outras agências estatais para
atuação na área da alimentação. O Serviço Técnico da Alimentação Nacional - STAN, criado
em 1942, visava produzir conhecimentos científicos que proporcionassem assistência técnica
às indústrias nacionais emergentes, de produção de alimentos, assim como aos agricultores.
            No PNA inaugura-se a definição dos grupos-alvo das políticas por critérios biológicos.
Ficam então priorizados para a atenção nutricional os escolares, os trabalhadores, as gestantes
e nutrizes e pré-escolares.
            Especificamente em relação à nutrição tem-se o estado nutricional adequado ou inadequado, interpretado por indicadores antropométricos - os mais utilizados – que classificam a desnutrição em vários graus ou estágios.
            A partir destes elementos é o indivíduo que deve mudar e não a sociedade, o que justifica a ênfase dos programas em atividades de educação nutricional de perfil mais conservador.
                        Considerações Finais
 
A trajetória da ação governamental em alimentação e nutrição revela um processo que,
partindo do SAPS dos anos 40, começava e terminava no Estado, tendo, no máximo, como
"pano de fundo" tensões sociais e demandas populares difusas. Nesse trabalho argumenta-se
que tais formas de intervir estão profundamente comprometidas com as formas de pensar o
problema, o que por sua vez, reflete a forma como uma sociedade se pensa em termos de
tolerar a presença da fome, da miséria e da desigualdade.
Como pode ser observado as formas de intervenção, centradas desde as origens na
suplementação alimentar à grupos vulneráveis detém uma alta taxa de permanência. Dito de
outro modo, da ditadura à transição democrática, houve o predomínio de uma mesma lógica
de intervenção. O cenário político dos anos 90 introduzirá outras possibilidades discursivas e
práticas, a exemplo de programas inspirados pelo conceito de Segurança Alimentar.
Para os estudiosos da área e , especialmente para os profissionais de nutrição, importa
acompanhar esse processo, compreender os determinantes conjunturais para emergência de
5 - O "nanisno" refere-se ao déficit de altura para idade de acordo com parâmetros internacionais, adotados pelo
Ministério da Saúde.
determinadas formas de intervenção e adquirir competência para analisar criticamente as
possibilidades destas garantirem o direito à alimentação dos brasileiros.



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