O nascimento do comércio
(Leo Huberman)
Na Idade Média as pessoas eram ricas mas não tinham onde investir suas riquezas, e assim as fortunas das igrejas e das pessoas abastadas permaneciam inertes, e não se multiplicava em grandes empreitadas. O dinheiro não servia muito para as pessoas daquela época, já que a maioria das coisas de que necessitavam para a sua subsistência era cultivada ou fabricada ali mesmo no feudo, e as pessoas mais habilidosas em fabricar determinados objetos eram logo requisitadas para tal tarefa pelos senhores. As pessoas costumavam trocar mercadorias, por exemplo, uma quantidade de lã por uma quantidade de vinho. Ninguém pensava na produção em larga escala, e o comércio se limitava aos produtos que sobravam, além disso, eram comercializados sob o controle dos senhores feudais. Isto é justificado pelo fato de haver um comércio intenso somente na medida em que a procura pelo produto também é intensa. Então o que existia era apenas um comércio local, já que a precariedade dos meios de transportes e estradas era um problema e os assaltos eram constantes fora dos feudos. Existam também pessoas que cobravam pedágio para deixar passar produtos em determinados domínios de terra, e não havia padrões de medidas para mercadorias e dinheiro. Este cenário começava a mudar a partir do século X com a prática das cruzadas. Com a perpectiva de tomar as terras dos muçulmanos os povos europeus começaram a cruzar mares e terras em busca de novos produtos, o que começava a criar demandas para mercadorias que antes eram desconhecidas dos europeus. Com o crescimento demográfico, as cruzadas se tornavam uma nova forma de ganhar a vida. Os confrontos do europeu em novas terras muitas vezes tinha como justificativa difundir o evanglho, mas no fundo a intenção era a apropriação de novas terras e produtos pelos povos europeus. As expedições para resgatar a Terra Santa tinham muitos adpetos que na verdade eram investidores que estavam interessados nos lucros posteriores advindos das conquistas de terras e produtos. O cristianismos então tinha virado uma bandeira a ser defendida, por trás da paixão cega de muitos guerreiros, se escondiam as autoridades e chefes religiosos. A Igreja Romana queria crescer seu poder, e o Império Bizantino tentava deter o avanço dos muçulmanos. Muitas pessoas buscavam nas cruzadas oportunidades para se enriquecerem. Veneza, Gênova e Pisa eram cidades comerciais e possuím atraentes rotas de comércio. Veneza ligava Constantinopla e o Oriente ao mediterrâneo. Isso facilitava o transporte de vários itens do oriente, conferindo a ela vantagens e benefícios. Os Venezianos não se importavam com as disputas de fé entre cristãos e muçulmanos, o importante mesmo eram as vantagens comerciais que podiam conquistar por terem a melhor
rota comercial ligando todas aquelas regiões. Na quarta cruzada do ano 1201, por exemplo, foram os venezianos quem forneceram navioos para os franceses, sob um acordo de pagamento de quatro marcos por cavalo e dois marcos por homem, no que os franceses ofereceram a metade das riquezas conquistadas para os venezianos. As cruzadas não serviram em quase nada aos propósitos religiosos, mas espalhou na europa o comécio como sistema econômico predominante, em detrimento do antigo sistema feudal. História da Riqueza do homem - Leo Huberman, 1936.
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